Cia. Comercial Vidros do Brasil
Ninguém apareceu no leilão da torre de vidro que foi símbolo de modernidade
24.jan.2017 - 2h00
{{imagem=5}}
{{imagem=6}}
Vazio há 16 anos, o prédio de 24 andares e 11 mil m2 no Largo do Paissandu pertence ao governo federal. Em 2015, ainda no governo Dilma, com o PIB descendo a ladeira, o ministro Nelson Barbosa autorizou que a propriedade fosse a leilão. Mas não houve nenhum interessado em pagar os R$ 21,5 milhões pedidos (a reforma consumiria outros muitos milhões).
Uma agência do INSS ocupou apenas o térreo até 2009. No ano seguinte, foi anunciada uma parceria entre o Sesc, uma organização francesa e o governo federal para transformá-lo em polo cultural. Ficou no anúncio.
{{imagem=1}}
Em 2012, a Secretaria de Patrimônio da União cedeu o prédio para a Unifesp, que instalaria ali o Instituto de Ciências Jurídicas. O projeto não vingou e o prédio foi invadido diversas vezes por movimentos de sem-teto.
O prédio já foi um endereço concorrido, especialmente nos anos 80. Por 23 anos, a torre de vidro hospedou a sede da Polícia Federal na cidade. Ali, o delegado Romeu Tuma anunciou a prisão do mafioso italiano Tommaso Buscetta e a descoberta da ossada do nazista Josef Mengele.
{{mosaico=1}}
Quando ficou pronto, no início de 1966, para abrigar a Cia. Comercial Vidros do Brasil (CVB), era um dos edifícios mais modernos de São Paulo. É a maior obra do arquiteto Roger Zmekhol, nascido em Paris, filho de refugiados cristãos da Síria, que chegou ao Brasil aos três anos de idade e se formou na primeira turma de arquitetura da FAU-USP.
Inspirado no minimalismo do alemão Mies van der Rohe, um dos mestres da escola de design Bauhaus, foi um dos primeiros a ter as esquadrias revestindo todo a construção. Também foi um dos pioneiros no sistema de ar-condicionado embutido. Tinha pisos de ipê e divisórias móveis nos escritórios, e um hall de mármore e aço inoxidável, materiais presentes na belíssima escada caracol, que foi publicada em revistas de arquitetura nos anos 60.
{{imagem=4}}
{{imagem=6}}