São Paulo 463

São Paulo Ociosa

Espaços históricos do centro da cidade passam anos no esquecimento, esperando algum uso público ou privado

Cia. Comercial Vidros do Brasil

Ninguém apareceu no leilão da torre de vidro que foi símbolo de modernidade

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Vazio há 16 anos, o prédio de 24 andares e 11 mil m2 no Largo do Paissandu pertence ao governo federal. Em 2015, ainda no governo Dilma, com o PIB descendo a ladeira, o ministro Nelson Barbosa autorizou que a propriedade fosse a leilão. Mas não houve nenhum interessado em pagar os R$ 21,5 milhões pedidos (a reforma consumiria outros muitos milhões).

Uma agência do INSS ocupou apenas o térreo até 2009. No ano seguinte, foi anunciada uma parceria entre o Sesc, uma organização francesa e o governo federal para transformá-lo em polo cultural. Ficou no anúncio.

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Em 2012, a Secretaria de Patrimônio da União cedeu o prédio para a Unifesp, que instalaria ali o Instituto de Ciências Jurídicas. O projeto não vingou e o prédio foi invadido diversas vezes por movimentos de sem-teto.

O prédio já foi um endereço concorrido, especialmente nos anos 80. Por 23 anos, a torre de vidro hospedou a sede da Polícia Federal na cidade. Ali, o delegado Romeu Tuma anunciou a prisão do mafioso italiano Tommaso Buscetta e a descoberta da ossada do nazista Josef Mengele.

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Quando ficou pronto, no início de 1966, para abrigar a Cia. Comercial Vidros do Brasil (CVB), era um dos edifícios mais modernos de São Paulo. É a maior obra do arquiteto Roger Zmekhol, nascido em Paris, filho de refugiados cristãos da Síria, que chegou ao Brasil aos três anos de idade e se formou na primeira turma de arquitetura da FAU-USP.

Inspirado no minimalismo do alemão Mies van der Rohe, um dos mestres da escola de design Bauhaus, foi um dos primeiros a ter as esquadrias revestindo todo a construção. Também foi um dos pioneiros no sistema de ar-condicionado embutido. Tinha pisos de ipê e divisórias móveis nos escritórios, e um hall de mármore e aço inoxidável, materiais presentes na belíssima escada caracol, que foi publicada em revistas de arquitetura nos anos 60.

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