Polêmicas. 2013 foi repleto delas. “Vem pra rua, vem!”, “Zé Dirceu, pode esperar, tua hora vai chegar”, “Ão, ão, ão, vem pra rua, Felipão!”, “Cubanos no Sus dos outros é refresco”, “Snowden, conte-me mais”, “O papa está aqui, e o Amarildo?” “Não é só por R$ 0,20”... Cartazes com essas e várias outras polêmicas se multiplicaram nas ruas durante a onda de protestos que tomou o Brasil, na maior mobilização desde o “Fora Collor”.
No Rio, ao menos 100 mil fizeram passeata no centro da cidade
Felipe Dana/Associated Press
Na capital paulista, ao menos 65 mil pessoas foram para as ruas
Miguel Schincariol/AFP
Em Brasília, manifestantes tomaram o Congresso Nacional e entoaram gritos de ordem
Pedro Ladeira/Folhapress
Grupo "black block" protesta na zona oeste de São Paulo
Fabio Braga/Folhapress
Manifestantes queimam catraca gigante em protesto violento no Terminal Dom Pedro 2, em SP
Marlene Bergamo/Folhapress
Policial aponta arma para se defender de agressores durante manifestações contra aumento de tarifa do transporte público
Drago/selvaSP/Folhapress
A repórter da Folha Giuliana Vallone foi ferida por bala de borracha em protesto violento no dia 13 de junho
Diego Zanchetta/Agência Estado
O clamor das ruas conseguiu emplacar a redução das tarifas do transporte público, a rejeição da PEC 37 --projeto que retirava poder de investigação do Ministério Público--, a destinação de royalties do petróleo para educação e saúde, o arquivamento da “cura gay”, entre outras que ainda tramitam no Congresso.
O que esperar para 2014
Existe uma expectativa sobre o que será o conflito entre policiais e manifestantes. Os policiais voltaram a usar bala de borracha nas ruas e pode ser que haja mais violência
Grupos organizados por uma única causa também foram às ruas. Profissionais de saúde contra o programa Mais Médicos fizeram do jaleco branco um uniforme de guerra contra uma das principais bandeiras de Dilma para as eleições de 2014
Profissionais da saúde contra o Mais Médicos exigem maior investimento no SUS e na carreira
Marlene Bergamo/Folhapress
Apesar da reação das entidades médicas contrárias à importação de profissionais estrangeiros e à não revalidação do diploma, as manifestações de junho deram impulso para o programa que, segundo a projeção do governo, será responsável pelo atendimento de quase 46 milhões de pessoas no primeiro semestre de 2014
O médico cubano Juan Delgado foi vaiado por profissionais brasileiros ao sair do primeiro dia do curso do programa
Jarbas Oliveira/Folhapress
Depois foi recebido por Dilma, que fez questão de lhe dirigir um desagravo ‘em nome dos brasileiros’
Sérgio Lima/Folhapress
CONQUISTAS
O primeiro teste em 2014 é a consolidação do Mais Médicos. Os estrangeiros estarão adaptados à cultura e ao idioma no Brasil? O governo cumprirá a promessa de não apenas distribuir médicos, mas também investir em estrutura nos postos de saúde?
Para atender às vozes das ruas, muitos projetos foram votados e aprovados no Congresso, porém, um que estava na pauta antes dos atos de junho também virou cartaz nas ruas
Organizado pela Federação das Empregadas Domésticas, protesto pedia a ampliação dos direitos para trabalhadores do setor
J. Duran Machfee/Futura Press/Folhapress
A doméstica Edilaine Guimarães, 30, trabalha no ramo há quase 20 anos
Robson Ventura/Folhapress
Aprovado no Senado, o projeto de regulamentação do senador Romero Jucá (PMDB-RR) está há quatro meses à espera de análise da Câmara dos Deputados
Pedro Ladeira/Folhapress
O QUE ESPERAR DE 2014
O pagamento do FGTS aos empregados domésticos, que até então era opcional, passa a ser obrigatório. Além disso, há pontos sensíveis sobre a lei que devem ser debatidos até judicialmente
Outro movimento que arrastou uma multidão para as ruas foi a Jornada Mundial da Juventude, em julho, no Rio, evento católico que contou com cerca de 1 milhão a 1,2 milhão de peregrinos, segundo o Datafolha
Daniel Marenco/Folhapress
Em sua primeira visita ao Brasil, o papa Francisco falou sobre protestos, desfilou em carro aberto, abraçou crianças e pregou humildade Felipe Dana/Associated Press
A popularidade de Francisco contrasta com o estilo austero de Bento 16, que renunciou ao pontificado em fevereiro em meio a um vazamento de documentos sigilosos e escandalosos do Vaticano Stefano Rellandini/Reuters
O então cardeal jesuíta e argentino Jorge Bergoglio foi eleito papa em 13 de março Osservatore Romano/AFP
O QUE ESPERAR DE 2014
Ano que vem ocorre o sínodo dos bispos, no Vaticano, que tratará de questões da família, como o caso dos casais divorciados que não participam da comunhão da Igreja. Papa Francisco deu sinais de que pretende suavizar alguns pontos
Polêmica e reivindicação. O que uniu os dois quesitos em 2013 foi mais um capítulo do julgamento do mensalão. Em diversas capitais, manifestantes pediram a prisão dos condenados, mas foi em 15 de novembro que elas começaram a ocorrer após o STF expedir mandados de prisão para José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e mais nove. Outros oito já foram detidos e Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, está foragido
Braços erguidos: Petistas, Dirceu e Genoino, que renunciou ao cargo de deputado, saúdam militantes ao se entregarem para a polícia
Daniel Guimarães/Folhapress e Sebastião Moreira/EFE
O QUE ESPERAR DE 2014
Para 2014, ficará a discussão sobre a questão da formação de quadrilha. Além disso, pode crescer a pressão no que diz respeito ao mensalão mineiro
A presidente Dilma Rousseff pouco se manifestou sobre as prisões dos condenados do mensalão, mas apareceu para falar do escândalo de espionagem dos EUA. Apareceu para falar apenas no Brasil, porque nos EUA ela não pisou.
Após tomar conhecimento de que ela e a Petrobras tiveram ligações telefônicas monitoradas pela NSA (Agência de Segurança Nacional norte-americano) desmarcou a visita de Estado que havia marcado
Jewel Samad/AFP
As revelações que partiram de documentos secretos obtidos pelo jornalista Glenn Greenwald com Edward Snowden, ex-técnico da NSA, também causaram crise de confiança em relação aos EUA em outros países, como Alemanha e França.
Fotomontagem/Folhapress
O QUE ESPERAR DE 2014
Após o governo brasileiro cancelar visita de Estado que faria aos EUA por causa da descoberta da espionagem, espera-se que a viagem seja remarcada para o primeiro semestre do ano que vem, mas até agora não há nenhuma movimentação para que isso aconteça
E quando a polêmica é no futebol? Deve ficar apenas dentro de campo? Nem sempre. Em 2013, o futebol também entrou na dança dos protestos
Além dos torcedores que se manifestaram contra o baixo desempenho de seus times...
Rodrigo Gazzanel/FuturaPress
...um grupo de jogadores, em um movimento inédito, deu até nome ao seu protesto: Bom Senso FC., cuja principal reivindicação é a redução dos jogos dos campeonatos.
Fernando Ribeiro/Futura Press
Fora de campo, milhares de pessoas foram às ruas contra a realização da Copa das Confederações...
Pedro Ladeira/Folhapress
...e a seleção brasileira saiu campeã, sob o comando de Felipão.
Ricardo Nogueira/Folhapress
Sobrou também para a Copa do Mundo de 2014. Milhares de cartazes questionando o evento se espalharam pelo país
Avener Prado/Folhapress
Mesmo que uma multidão tenha ido às ruas contra a Copa, torcedores esgotaram em poucas horas ingressos do torneio, antes de Fernanda Lima e Jérôme Valcke anunciarem que Brasil e Croácia darão o pontapé inicial!
Juca Varella/Folhapress
O QUE ESPERAR DE 2014
Ano que vem o Brasil terá duas Copas: uma, dentro de campo, com muita festa e na qual o Brasil é grande favorito. A outra será nas ruas, pois grande parte das reivindicações das manifestações de 2013 ainda não foi atendida
#2013 #2014
Para a Copa do Mundo, 2013 significou uma espécie de aquecimento. Já em relação às manifestações, foi um longo campeonato contra tudo e todos, e há quem torça para que a maior das jogadas aconteça em outubro de 2014, diante das urnas. E para você, leitor, 2013 significou o quê?
#créditos
Texto: Daniela Braga
Vídeos: Equipe TV Folha
Edição: Juliana Brito
Design: Irapuan Campos
Programação: Lucas Zimmerman, André Costa, Rubens Fernando Alencar