Guga, 20

Especial relembra primeiro título de Gustavo Kuerten em Roland Garros, em 1997, e avalia o que mudou no tênis brasileiro desde então

Quadrinhos

Camisa chocante e encontro com ídolo marcaram título

Gustavo Kuerten chegou à edição de 1997 de Roland Garros com 20 anos e na 66º colocação do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). O catarinense era desconhecido de grande parte do mundo do tênis e mesmo dos brasileiros. Em duas semanas, porém, ele viu tudo virar de cabeça para baixo. Guga precisou derrotar os últimos três campeões do torneio —o austríaco Thomas Muster, o russo Yevgeny Kafelnikov e o espanhol Sergi Bruguera— para conquistar o primeiro dos seus três títulos em Paris. O assombro, porém, não se limitou ao que ele fazia dentro de quadra.

A história em quadrinhos abaixo foi baseada no livro "Guga, um brasileiro" (depoimento ao jornalista Luís Colombini) e em entrevista com o ex-atleta. Ela relembra histórias que ocorreram de 4 de junho, data das quartas de final, a 8 de junho, dia do título. Antes do jogo contra Kafelnikov, os organizadores do torneio chegaram a pedir para Guga vestir outra camiseta. O modelo azul e amarelo, que virou marca registrada da conquista, seria muito chamativo. Outros momentos importantes daqueles dias, como o encontro com o ídolo de infância Björn Borg após a final, também estão ilustrados.

Em 4 de junho de 1997, Gustavo Kuerten, então com 20 anos e número 66 do ranking, surpreendia o Brasil e o mundo ao chegar às quartas de final de Roland Garros. Antes da partida contra Yevgeny Kafelnikov, campeão do ano anterior, os organizadores do torneio chamaram Larri Passos, técnico de Guga, para uma conversa

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A partida contra o russo foi uma batalha física, técnica e mental. Após perder o primeiro set, Kafelnikov abriu 2 a 1 e dominava o brasileiro. Guga, então, decidiu aproveitar o momento, sem se preocupar se seria eliminado. Mais relaxado, voltou ao jogo e conseguiu a virada, para a emoção de Larri, seu irmão Rafael Kuerten e a namorada dele, Letícia

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Antes da semifinal contra o belga Filip Dewulf, a mãe de Guga, Alice Kuerten, e a avó Olga Schlösser chegaram a Paris para acompanhar os jogos decisivos. Elas levaram na bagagem recortes de jornais brasileiros que já tratavam o tenista como um ídolo nacional, o que ele considerou um exagero. Durante o jogo, a torcida francesa apoiava o brasileiro

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O adversário na final foi o espanhol Sergi Bruguera, bicampeão de Roland Garros. Guga estava em um patamar inimaginável em comparação ao do começo do torneio e recebia o tratamento dispensado a uma estrela do esporte. Um carro o buscou no pequeno hotel em que ele se hospedara para levá-lo ao complexo

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Guga venceu a final por 3 sets a 0. Ao subir ao palco para receber o troféu, ele encontrou o ídolo de infância, o sueco Björn Borg. Mais tarde, voando rumo a mais um torneio, Larri contou ao tenista que havia prometido ao pai dele, Aldo Kuerten, que o treinaria quando chegasse a hora certa. Aldo morreu em 1985, aos 41 anos

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