ILUSTRAÇÕES
BRUNO OLIVEIRA SANTOS
KRAFTWERK?
KRAFTWERK: PUBLIKATION
AUTOR David Buckley
EDITORA Pensamento
QUANTO R$ 52 (368 págs.)
KRAFTWERKIANAS
VIDA DE ROBÔ - Clique nas imagens para acompanhar a trajetória da banda
DISCOGRAFIA BÁSICA
KRAFTWERK 2 (1972)
O grupo testa a manipulação sonora de instrumentos convencionais, como flautas
AUTOBAHN (1974)
Inspirado pelos Beach Boys, o disco é a resposta alemã à música de estrada californiana
RADIOACTIVITY (1975)
Sombrio, o disco causou controvérsia com uma mensagem antiguerra dúbia
TRANS-EUROPE EXPRESS (1977)
O disco mais influente. Um sample da faixa-título ajudou a consolidar o
hip-hop
The Man-Machine (1978)
Surge o interesse pelas máquinas na faixa ‘The Robots’
Computer World (1981)
Apesar do nome,
nenhum computador
foi usado na produção da obra mais sampleada dos robôs
RECUSARAM PARCERIAS COM...
123
Ouça "Planet Rock"do Afrika Bambatta que sampleou "Numbers" e "Trans Europe Express"
DAVID BOWIE
O britânico convidou a banda para abrir a fase europeia da turnê ‘Station to Station’, mas os robôs declinaram
MICHAEL JACKSON
Em 1982, antes de bater na porta de Quincy Jones, o popstar queria que a banda produzisse o disco ‘Thriller’
159
Ouça o cover do Siouxsie & The Banshee para "Hall of Mirrors"
"Ruzuck"
Em 1970, ainda
com influências do krautrock, o Kraftwerk se apresenta em Soest, na Alemanha
"Trans Europe Express" Videoclipe oficial da música de 1977
"The Robots"
Versão ao vivo da música exibida na TV alemã em 1978
"Pocket Calculator"
Em 1981, a banda apresentou uma versão italiana da música no programa "Discoring"
"Music Non Stop"
Em 1986, o vídeo, criado pela artista Rebecca Allen, foi um dos precurssores a usar computação gráfica
“NOSSO TRABALHO REFLETE A ideia de não separar dança aqui, arquitetura ali e pintura lá. Rompemos a barreira entre artesãos e artistas. Éramos operários da música”.
HALF HÜTTER
canções sampleam ‘Numbers’, de 1981
covers já foram feitos; em 2000, o produtor Uwe Schmidt fez um disco só com versões do Kraftwerk em bolero
POR ALEX KIDD
DE SÃO PAULO
Segundo David Levy, pesquisador britânico de inteligência artificial, é possível que o primeiro casamento entre um homem e um robô ocorra até 2050.
É um futuro com o qual o Kraftwerk sonha há décadas. Nos anos 1970 e 1980 (quando Apple e IBM engatinhavam), o quarteto criou uma música tecnológica com batidas robóticas que hoje soam como trilha de videogame.
Tendo a Alemanha pós-Segunda Guerra como cenário, os rapazes de Düsseldorf tinham uma meta: rejeitar todas as tradições da música pop e inventar algo completamente novo.
Com sintetizadores e certo romantismo, compuseram sobre rodovias, trens e computadores —a música folk das fábricas.
Avessa aos holofotes, a banda raramente dava entrevistas. Desvendar suas origens: eis o desafio de David Buckley na biografia (só parcialmente autorizada) “Publikation” (2011), recém-lançada no Brasil.
“Não foi fácil”, ele afirma à Folha. Ralf Hütter e Florian Schneider, fundadores e cabeças pensantes do Kraftwerk, recusaram-se a colaborar com a obra.
Mas os ex-integrantes Wolfgang Flur e Karl Bartos compartilharam sua “memória RAM”, e desses papos Buckley —que já escreveu sobre David Bowie—extrai algoritmos interessantes. “Eles eram a antítese do rock dos anos 1970. Em vez de cabelos longos e jeans rasgado, se vestiam feito bancários.”
A maior polêmica envolve a concepção de “Autobahn” (1974). Segundo Buckley, Conny Plank foi o grande responsável pelo som do Kraftwerk. Ele coproduziu o disco e deu a ideia de trocar o órgão pelo sintetizador. Nos créditos, porém, só aparece como engenheiro de som.
Se o Kraftwerk deu corpo aos ritmos sintéticos, foi o italiano Giorgio Moroder quem os levou ao topo das paradas. Dono de um bigode canastrão, o produtor de faixas como “I Feel Love” (Donna Summer) já usava sintetizadores para incrementar sua disco music nos anos 1970.
Buckley reproduz uma provocação de Moroder: “Eles acham que com uma melodia fácil e um sintetizador podem criar um hit”.
A resposta de Düsseldorf veio com “The Man-Machine” (1978). Músicas como “The Robots” ironizavam o calor da disco music, com elementos do gênero pontuados roboticamente.
David Bowie era um apreciador da “paródia do minimalismo” feita por eles. De cafés e noitadas com Bowie e Iggy Pop nasceu o álbum “Trans-Europe Express” (1977), que cita os dois na faixa-título.
Bowie homenageou Florian em “V-2 Schneider”, do disco “Heroes” (1977). Para batizar a música instrumental, fundiu o nome do amigo ao do primeiro míssil balístico, usado pelos nazistas em Londres.
Ainda assim, o Kraftwerk declinou parceria com o britânico. Idem para Michael Jackson, que os queria produzindo “Thriller”.
Para Buckley, a derrocada criativa se deu após Hütter se apaixonar por uma máquina, a bicicleta —tema do último disco de estúdio da banda, “Tour de France” (2003). “Obcecado pelo ciclismo, ele não tinha mais interesse em turnês.”
Hütter, único remanescente da formação original, comenta em entrevista reproduzida no livro o legado do Kraftwerk: “É a ideia de não separar dança aqui, arquitetura ali e pintura lá. Rompemos a barreira entre artesãos e artistas. Éramos operários da música”.
A banda foi formada na cidade de Düsseldorf, Alemanha,
em 1970
Uso do sintetizador como instrumento
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Estética
retrofuturista
Obsessão pela relação homem-máquina
KARL BARTOS
(percussão eletrônica)
Foi convocado para fortalecer os ritmos repetitivos do grupo
RALF HüTTER
(sintetizador)
O cabeça do grupo
e único membro que restou da formação original
FLORIAN SCHEINDER
(sintetizador)
Fundou a banda.
Era responsável por equipar o Kling Klang Studio com sintetizadores
WOLFGANG FLUR
(percussão eletrônica)
Foi cooptado por acharem seu estilo na bateria bem “confiante e minimalista”
THE ROBOTS Toque nos pontos para conhecer a formação clássica do Kraftwerk
VHS - Clique nos botões para ver apresentações e videoclipes da banda