Clique nos livros abaixo e leia trechos de 65 obras, a maioria inédita,
de autores que estão na Flip 2016
Em Manbij, os adolescentes procuram no Google ‘sexo israelense’. Eles acham que o sexo israelense é diferente. Claro que isto é resultado da resistência.
COMPRARNascido em Manbij, no norte da Síria em 1983, o ferreiro Abud Said começou a escrever no Facebook em 2009. Seus posts na rede social, irônicos e líricos, estão reunidos no livro "O Cara Mais Esperto do Facebook" (Editora 34).
Mais que um matrimônio, Catalina Enriquez de Ribera y Cortés e Pedro Téllez Giron selaram uma poderosa sociedade de negócios, em que cada um cedeu ao outro aquilo que lhe faltava para pôr seu ressentimento em ação. Ele devolvia visibilidade à apagada casa de Alcalá com sua destreza política e sua proximidade do rei; ela entrava com o dinheiro e a memória dos colhões do avô, que tinha ido embora e conquistado o que julgava merecer.
COMPRARNascido no México, em 1969, Álvaro Enrigue ganhou destaque nas letras mexicanas já com seu primeiro livro, “La Muerte de Un Instalador” (1996), inédito no Brasil. Depois, lançou ainda “Hipotermia” (2005) e “Vidas Perpendiculares” (2008). Chegou a trabalhar como editor na prestigiosa casa Fondo de Cultura Económica e na revista “Letras Libres”. Colaborador do “New York Times”, ele lança na Flip “Morte Súbita” (Companhia das Letras), seu primeiro livro publicado no Brasil.
"preciso me lembrar que dia é hoje
ela me olhava com olhos do avesso
não me faça perguntas me responda que dia
é hoje quais as tarefas quais as coisas
de que me esqueço os joelhos dobrados
o peito virado para cima tantos caminhos
a história vira-se para dentro mapear
caminhos invisíveis esquecer
a data me perder no gesto dos braços
suspensos os brincos tocam os
ombros a curva da cadeira que dia é
hoje me esqueço de muitas coisas são
caminhos por braços suspensos a
respiração suspensa preciso me lembrar
de alguma coisa"
A paulistana Annita Costa Malufe é professora na pós-graduação em literatura e crítica literária da PUC-SP. Já escreveu dois livros sobre Ana Cristina César, a homenageada deste ano: “Ana Cristina Cesar - Territórios Dispersos” (Annablume, 2006) e “Poéticas da Imanência” (7Letras, 2011). Também é poeta, com livros como “Fundos Para Dias de Chuva” (2004) e “Quando Não Estou Por Perto” (2012), ambora pela 7Letras. Na Flip, ela lança “Um Caderno Para Coisas Práticas”, pela mesma editora.
O convite vem da treva.
O rosto aflora na treva negra feito do luar exato de marfim
do camafeu, mascarado
pelos óculos escuros apesar
da ausência do sol, e consegue
chegar à janela parada, sem vento
e mesmo com a respiração presa
se aproxima, ultraviva
Armando Freitas Filho nasceu em 1940, no Rio de Janeiro. É autor de livros como “Palavra”, “Dual”, “De Cor”, “Números Anônimos” e “3x4”, que ganhou o Prêmio Jabuti de poesia em 1986. Em 2003, reuniu sua obra até hoje em “Máquina de Escrever”. Também já foi pesquisador da Casa de Rui Barbosa e da Biblioteca Nacional, além de assessor no gabinete da presidência da Funarte. Na Flip, ele lança “Rol”, pela Companhia das Letras.
Era de fato um corpo enxuto, sem gordura. De estatura baixa, um aspecto antes pueril que voluptuoso, pensou Haberfield, afastando para longe um pensamento que não lhe serviria de nada. O morto vivera 59 anos e dava a impressão de não ter conhecido muitos braços que o houvessem acolhido o suficiente. Um coração jamais se despedaça por conta de grandes golpes. Já nasce preparado para tais eventualidades. Sobrevive, pulsante, a tudo o que seu dono pensa não conseguir suportar. É pelas decepções cotidianas que ele termina por sucumbir.
COMPRARBest-seller em seu país, a Holanda, Arthur Japin é conhecido pelos romances sobre personalidade de diferentes épocas da História. Em “Thw Two Hearts of Kwasi Boachi”, de 1997, por exemplo, ele transforma em romance a vida de um príncipe da Costa do Ouro africana levado à força para a Europa. Já “Os Olhos de Lúcia” (Companhia das Letras) é narrado pela única namorada do Marquê de Casanova que o abandonou. Japin lança na Flip “O Homem Com Asas” (Planeta), que parte do caso do roubo do coração de Santos Dumont, pelo legista responsável por embalsamar o pai da aviação.
“Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé.”
(Conto “A Galinha”, de Clarice Lispector)
COMPRAR
O americano Benjamin Moser tornou-se conhecido no Brasil com a publicação de “Clarice,” (Cosac Naify), biografia da escritora de origem ucraniana e um dos principais nomes da literatura brasileira no século 20. Ao organizar uma edição em inglês com todos os contos de Clarice, ele ajudou a dar projeção internacional à obra dela. Agora, Moser lança no Brasil a edição com as histórias curtas das autoras e o livro de ensaios “Autoimperialismo” (Planeta). Atualmente, ele trabalha numa biografia da intelectual americana Susan Sontag, que sai em inglês no próximo ano.
Sozinha e em casa é como Lydia tem vivido na maior parte do tempo, durante os últimos seis meses, desde que Luke morreu. Vai a pé à cafeteria depois do almoço quase todo dia para fazer uma pausa da televisão, que acabou virando uma espécie de emprego em horário integral. Se os programas de entrevista matinais começam sem ela, Lydia tem a sensação de que deixou um grande furo, é como se não tivesse conseguido realizar a única mísera tarefa que lhe cabe cumprir todos os dias.
COMPRARO autor americano é um dos principais agentes literários de Nova York. Ele estreou como autor, porém, só em 2010, com o livro “Retrato de Um Viciado Quando Jovem”, no qual narra sua dependência de crack. Sua reabilitaçãod o vício foi narrada em “Noventa Dias - Diário de Uma Recuperação”. Na Flip, ele lança seu primeiro romance, “Você Já Teve Uma Família?”, pela Companhia das Letras, sua editora no Brasil.
Há dez anos à frente do “Profissão Repórter” (Globo), Caco Barcellos tem ensinado jovens jornalistas a contar histórias ignoradas pelo noticiário. A trajetória e as melhores reportagens estão na edição “Profissão Repórter 10 Anos”, editada neste ano pela Planeta. Caco é um dos principais jornalistas do país, e se notabilizou na denúncia da violência policial em livros como “Rota 66”, sobre os abusos da tropa de elite da PM paulista, e “Abusado – O dono do morro Santa Marta” (2003).
"O condomínio, como enclave fortificado contra a pobreza, aproxima-se do que Milton Santos chamou de pobreza incluída, sinal de uma nova interpretação sobre a diferença social e a desigualdade. Não se trata mais de fazer desenvolver os atrasados, mas de localizar e conter o resíduo como pobreza estrutural globalizada. De acordo com essa lógica, é preciso exportar problemas e, ao mesmo tempo, restringir seu retorno pelo reforço de barreiras fiscais, controle de fronteiras e restrição de circulação de pessoas. A identidade estrutural que une condomínios de luxo, prisões e favelas aparece como ressentimento social."
COMPRARA partir da teoria e da clínica psicanalítica, Christian Dunker faz reflexões sobre aspectos da sociedade brasileira. Autor de mais de dez estudos em psicanálise, recebeu em 2012 o Prêmio Jabuti na categoria Psicologia e Psicanálise, pelo livro “Estrutura e constituição da clínica psicanalítica”. É colunista da revista “Mente e Cérebro” e do blog da editora Boitempo.
O ato de atravessar o espaço nasce da necessidade natural de mover-se para encontrar alimento e as informações necessárias para a própria sobrevivência. Mas, uma vez satisfeitas as exigências primárias, o caminhar transformou-se numa fórmula simbólica que tem permitido que o homem habite o mundo. Modificando os significados do espaço atravessado, o percurso foi a primeira ação estética que penetrou os territórios do caos, construindo aí uma nova ordem sobre a qual se tem desenvolvido a arquitetura dos objetos situados. O caminhar é uma arte que traz em seu seio o menir, a escultura, a arquitetura e a paisagem. A partir dessa simples ação foram desenvolvidas as mais importantes relações que o homem travou com o território.
COMPRARO italiano Francesco Careri (1966) é arquiteto, professor na Università degli Studi Roma Tre e fundador do coletivo do Stalker/Osservatorio Nomade, que faz intervenções experimentais na cidade. Dirige o Laboratorio Arti Civiche, que realiza pesquisas e cursos sobre habitação popular e integração multicultural no espaço público, se concentrando em comunidades excluídas. Em 2013 participou da Bienal de Arquitetura de São Paulo. Já fez intervenções em bairros de Salvador e São Paulo.
Plantavam leguminosas e criavam carneiros. Gaby Amor diz que enfrentaram a guerra — para eles a perseguição religiosa ainda existe e na sua versão mais lúmpen. Quase 20 policiais armados da brigada de Delitos Sexuais foram até a fazenda. Também jornalistas e câmeras de televisão. Ao mesmo tempo em que a polícia identificava a casa de um outro membro da mesma religião. De ambos os lugares, foram levados para a prisão de Investigações de Santiago. Tiveram que fazer greve de fome para que o então Cônsul do Peru fosse ao seu auxílio. Foram acusados de ser uma seita sadomasoquista e reter as mulheres contra sua vontade.
A peruana Gabriela Wiener (1975) é jornalista e autora de livros de contos, poesia e reportagem. Seu trabalho costuma ser autobiográfico. Em Sexografías (2008, ainda sem edição brasileira), seu livro mais conhecido, Gabriela perfila polígamos, presidiários, uma iguana com priapismo, atores pornô e porcos, e investiga o mundo do swing, da prostituição, da ejaculação feminina e dos rituais do ayahuasca. Vive em Madri, com Jaime, seu marido, Rocío, namorada de ambos, e Lena, filha do “tricasal”, na definição da própria filha.
As fronteiras entre arte e ciência, exploradas em inúmeros de seus trabalhos, o levaram a uma revisão da figura de Alberto Santos-Dumont, reapresentado como um designer à frente de seu tempo na exposição Santos=Dumont designer, montada no Museu da Casa Brasileira em 2006, ano do centenário do voo do 14-Bis. Formado em arquitetura, é também designer gráfico e ilustrador. Um panorama sobre sua produção artística está no livro omemhobjeto – 30 anos de artes (Décor Books). Uma amostra de seu trabalho como ilustrador está em 80 desenhos (Dash Editora).
COMPRARO artista plástico Guto Lacaz (São Paulo, 1948) é autor de uma obra bem-humorada e original, marcada pela crítica às convenções da sociedade industrial e do mundo da arte. Em quase quarenta anos de produção, Guto já transformou o lago do parque Ibirapuera em auditório, com cadeiras suspensas sobre a linha d’água; já instalou um enorme periscópio no vale do Anhangabaú, pelo qual se podia ver a paisagem do viaduto do Chá; já subverteu as funções de eletrodomésticos,conferindo-lhes inesperados significados poéticos.
"Eram oito e meia em ponto. Eu observava um pequeno rebento de arbusto brotando da relva, as folhas de um vermelho escuro como couro de porco. Levantei o olhar e então avistei meus açores. Lá estavam eles. Um casal, bem alto na abóbada celeste, no ar cada vez mais quente. Havia algo como um toque quente e plano na minha nuca, mas eu sentia cheiro de gelo ao ver aqueles açores voando. Senti o cheiro de gelo, de samambaias e de resina de pinheiro. Coquetel de açor. Eles planavam"
COMPRARA inglesa Helen Macdonald lidou com a perda do pai, morto repentinamente em 2007, domando um falcão selvagem. Por meses, ela teve Mabel como única companhia. A experiência virou o livro “F de Falcão”, que é lançado na Flip e já foi publicado em mais de vinte países.
Por que fui tão identificada com a questão do diário e da correspondência? O diário e a carta são o primeiro tipo de produção da escrita que temos. Mulher na história começa por aí, dentro do âmbito particular, do familiar, do íntimo. Carta é um tipo de texto que vc escreve para alguém. Não é necessariamente pelo prazer do texto, não é um poema, não é uma produçãoo estética. Carta é para mobilizar alguém. É a função fática do Jakobson. A ênfase na segunda pessoa. Diário também. Você escreve porque não tem um confidente. (...)
Paulista de Ribeiro Preto, Heloísa Buarque de Hollanda surgiu como um dos principais nomes da crítica literária brasileira nos anos 1970. Seu nome está intimamente ligado à Poesia Marginal, ou Geração Mimeógrafo, quando publicou a antologia “26 Poetas Hoje” (1975), que, além de Ana Cristina César, contava com Francisco Alvim, Chacal e outros. O livro, aliás, é relançado pela e-galáxia durante a Flip. Ela também é editora da Aeroplano. Heloísa também relança na Flip, pela mesma editora, “Correspondência Incompleta” (1999), com as cartas que trocou com Ana Cristina César. Também divulga um aplicativo com os cartões postais que trocou com a poeta.
A neurociência nos diz que é altamente improvável que tenhamos almas, pois tudo que pensamos e sentimos não passa de um bate-papo eletroquímico entre as nossas células nervosas. Nossa noção de identidade, nossas sensações e nossos pensamentos, o amor que sentimos por outros, nossas esperanças e ambições, nossos ódios e medos, tudo isso morre quando nosso cérebro morre. (...) Há cem bilhões de células nervosas em nosso cérebro. Será que cada uma delas tem um fragmento de consciência em seu interior?
COMPRAREminente neurocirurgião do Reino Unido, Henry Marsh, nascido em 1950, é autor de "Sem Causar Mal" (nVersos), um relato honesto sobre cirurgias bem-sucedidas e sobre os erros que cometeu nas cirurgias que não terminaram bem. Antes de optar pela medicina, Marsh estudou política, filosofia e economia. Ele é personagem de dois documentários sobre neurocirurgia e sua carreira: "Your Life in their Hands" (2004) e "The English Surgeon" (2008).
O latino parece perplexo e depois rasteja em direção à arma. Eu chego lá primeiro e chuto a pistola, que desliza para baixo do Cadillac, enquanto a presa olha para mim por um segundo, boquiaberta, antes de levantar e se afastar manquitolando. Então eu caio em cima do atirador, jogando todo o meu peso sobre suas costas, montando nele, com os joelhos deslizando rude e dolorosamente sobre a superfície quente da ponte. Ponho ambas as mãos em torno da nuca magricela do sujeito. Ele não é grande (branco, cerca de 1,65 m, 55 kg), mas nem sequer tenta resistir, enquanto eu grito: – SEU BABACA MALUCO, QUE PORRA VOCÊ ACHA QUE TÁ FAZENDO?
COMPRARO escocês Irvine Welsh é o autor de “Trainspotting” (Rocco), um dos clássicos da literatura da contracultura, depois adaptado para o cinema. O romance retrata o submundo de Edimburgo, com a histórias de jovens envolvidos com drogas. Na Flip, ele lança “A Vida Sexual das Gêmeas Siamesas”, pela Rocco, que publica toda a sua obra no Brasil, com livros como “Pornô” e “Skagboys”.
Em 2007, esteve entre os 39 autores que o Hay Festival destacou na América Latina no projeto Bogotá 39, iniciando uma promissora trajetória internacional: os romances O dia Mastroianni (Agir, 2007) e O único final feliz para uma história de amor é um acidente (Companhia das Letras, 2010) seriam traduzidos para oito idiomas. Em 2012, integrou o grupo de vinte autores brasileiros de menos de quarenta anos selecionados pela revista literária Granta/p> COMPRAR
J.P. Cuenca (Rio de Janeiro,1978) foi autor convidado da primeira Flip, em 2003 – na ocasião, ele publicou “A carta de pedra” em Parati para mim (Planeta), edição comemorativa de inauguração da festa que reúne contos ambientados na cidade, de autoria de três autores estreantes. Em 2003, publicou pela editora Planeta o seu primeiro romance, Corpo presente (reeditado pela Companhia das Letras em 2013)
ninguém nunca lavou minha boca nazistamente com sabão, como faziam as mães das vizinhas. a minha, que era filha de árabe com alemão, tinha a psicanálise como aparato principal para a base do seu humanismo. por isso acreditava que eu precisava liberar meus desejos. ouvir paulinho da viola para sentir alguma docilidade. já que nesta vida eu estava destinada a não conhecer virtudes como esta. vivia repetindo as palavras: doce, terno, amigo, bem, bondade, fidelidade, esperança, gratidão. mas penso que ela estava enganada. porque apesar dos meus pequenos delitos, ilália recebia meu amor e eu até dava na cara a vácuo dela uns beijos sufocantes.
A paulista Juliana Frank (1985) está no seu quarto livro. Chamou a atenção da crítica ao publicar seu primeiro livro, a novela Quenga de plástico (7Letras, 2011), narrada com toques surrealistas por uma ex-atriz pornô paulistana. Trabalha no roteiro da versão cinematográfica do romance Pornopopéia, de Reinaldo Moraes.
Mas a imagem retornou. Irene numa vala, estrangulada e com os joelhos esfolados. Como a imagem podia ser tão nítida? A calça azul, com as coxas exuberantes e deliciosas por baixo, a blusa branca rasgada, o peito parcialmente à mostra, o olhar vazio. O barro na vala, as folhas de grama, amarelas e verdes, a luz doentia da madrugada. Não, não, que bobagem.Como eu tinha voltado para casa?
COMPRARUm dos principais fenômenos literários do mundo hoje, Karl Ove Knausgard, norueguês nascido em 1969, consagrou-se com a série de livros “Minha Luta”, publicada entre 2009 e 2011 em seu país. Nos livros, o autor dá tratamento ficcional à sua própria história, questões familiares e existenciais. Ele lança no Brasil, durante a Flip, “Uma Temporada no Escuro”, o quarto dos seis volumes de sua série.
A pista que fica para trás é mais escura do que a que vem adiante, e a rua está cravejada de lembranças. A rotina, o trabalho, a paciência do treinamento, o tempo passado junto com as pessoas sem dizer coisa nenhuma. Os testes de elenco e palcos iluminados, os seus músculos repuxando. Seu próprio rosto a encarando do outro lado das lentes. A maquiagem, os pós. A náusea como um corredor vazio e sem fim dentro do peito, as mãos nos joelhos, respirar fundo no camarim. Ajeitar o cabelo e esperar o ônibus e limpar as mesas. O som dos aplausos. O cansaço infinito. Ela pode ver isso tudo, lá fora na rua, ficando menor à medida que eles se afastam. Ela abre o vidro e aspira o cheiro de tempestade que sobe do asfalto e cospe um riso engasgado.
A poeta, performer e rapper britânica Kate Tempest (1985) foi a primeira a vencer com menos de quarenta anos o Ted Hughes Award, que premia a inovação na poesia britânica.
Pouco antes de ser preso em 10 de maio de 1789 no Rio de Janeiro, ciente de que estava sendo seguido, Tiradentes entregou seu exemplar do Recueil a Francisco Xavier Machado, porta‑estandarte dos Dragões de Minas, para que este o levasse de volta a Minas Gerais. Em Vila Rica, Xavier Machado entregou o Recueil aos agentes do governador de Minas. O exemplar constituiu a base para uma urgente investigação separada da devassa de Minas. Foi esse exemplar do Recueil que se tornou conhecido como o “Livro de Tiradentes”. Atualmente é um dos documentos mais importantes constantes da coleção do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.
COMPRARUm dos principais brasilianistas em atividade, o britânico Kenneth Maxwell publicou em 1974 “A Devassa da Devassa”, um dos marcos nos estudos históricos sobre a Inconfidência Mineira. Ele esteve à frente do prestigiado Latin American Studies Program do Council on Foreign Relations. A partir de 2004, passou a dirigir o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Entre outros livros, publicou “O Império Derrotado” (2006) e “O Livro de Tiradentes” (2013), todos pela Companhia das Letras.
que uma xícara não é
somente concavidade e asa
que pode ser vista sob ângulos
infinitos em contextos infinitos
se tenho as mãos sujas
se acordei um pouco gripada
se minha avó ainda existisse
uma xícara depende de condições
atmosféricas/emocionais/formais
que uma xícara branca escorrega
que se espatifa no chão
que uma xícara jamais se recompõe.
uma xícara me expõe.
Poeta conhecida da cena literária carioca, Laura Liuzzi é autora de coletânea como “Calcanhar” (7Letras) e “Desalinho” (Cosac Naify). Também tem uma trajetória no cinema, como assistente do documentarista Eduardo Coutinho (1933-2014), em filmes como “As Canções” (2011) e “Últimas Conversas” (2015). Para a Flip, Laura prepara o lançamento de “Coisas”, pela coleção Megamíni, da editora 7Letras.
Dia de Dilúvio
Quando chove assim tão seguidamente na serra
e começa a pingar água na casa e a goteira
cresce e a pia entope e alaga o chão,
quando não cessa esse barulho insistente
de água penetrando em tudo e rolando,
sinto uma desproteção total violenta
e eu mesmo sendo dissolvido também
nessa casa alagada, não me acho
enquanto solidez: vou flutuando
como onda inconstante na correnteza.
Leonardo Fróes é poeta, autor de dez coletâneas de poesia e vencedor do Prêmio Jabuti de poesia por Argumentos invisíveis (1995). Também é tradutor literário. Verteu para o português clássicos de William Faulkner, Elizabeth Barrett Browning, Ferlinghetti, J.M.G. Le Clézio, Flannery O’Connor, Jonathan Swift e Virginia Woolf, Shelley, Goethe e outros. Por volta de 1970, pediu demissão do cargo de diretor em uma grande editora carioca e se mudou para a serra fluminense, onde vive até hoje. A relação com a natureza é um dos principais temas de sua poesia. Também traduz livros científicos.
A pernambucana Lúcia Leitão é arquiteta e urbanista. Dá aula na Universidade Federal de Pernambuco. Escreve sobre a relação entre arquitetura e psicanálise.
Ainda que você leia o livro na versão original do rolo, que só saiu em 2007, certamente não vai ter a experiência completa de On the Road. Mesmo com o corte irregular da página, tentando imitar a borda do manuscrito, ou, quem sabe, as ranhuras do asfalto, mesmo com o papel amarelado, rústico, mesmo com toda essa arte editorial e os esforços de simulação, a ideia de uma leitura radicalmente contínua, que avança sem o percalço das páginas e pode levar, dependendo do leitor, à exaustão, já está desde logo perdida junto com o próprio rolo.
COMPRARO mineiro de Belo Horizonte Marcílio França Castro, que ganhou o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional, em 2012, por “Breve Cartografia de Lugares Sem Nenhum Interesse” (7Letras), lança na Flip seu terceiro livro “Histórias Naturais”, pela Companhia das Letras.
Professora de literatura na Universidade Federal de Minas Gerais, Maria Esther Maciel é autora de “Literatura e animalidade” (Civilização Brasileira/Grupo Record, 2016), que trata da presença de animais na ficção. É autora de dois volumes de ficção – “O livro de Zenóbia” e “O livro dos nomes” – e dois de poesia, além de ensaios sobre o autor mexicano Octavio Paz, o argentino Jorge Luis Borges e a mineira Laís Corrêa de Araújo.
COMPRARpoderiam dizer algo do tipo:
“poetas à margem nos 70 recebem chancela”
mas não teria essa crítica envelhecido me pergunto
desde a antologia da época? ou então desde as cantadas
literárias? por que ela se repetia tal e qual?
era essa a função da crítica?
diriam que seus livros tão artesanais
estavam agora nas salas de exposição e os carimbos
capricho nuvem cigana vida de artista
vendidos a peso de ouro
no alto gávea
A carioca Marília Garcia é autora de “20 Poemas Para o Seu Walkman” (2007), “Engano Geográfico” (2012) e “Um Teste de Resistores” (2014). Também é editora da pequena Luna Parque Edições, dedicada a poesia contemporânea, e da revista virtual “Modo de Usar & Co.” Como tradutora, verteu para o português obras de autores como Emmanuel Hocquard, Gertrude Stein e Kenneth Koch.
O reluzente automóvel de luxo era, sem dúvida, um carro de
empresa ou do governo. Aí estava uma coisa rara na favela da Rocinha.
Carros velhos quase caindo aos pedaços — normal. Enxames
de mototáxis — normal. Ônibus pesadões que, desafiando as
leis da física, iam sacudindo a traseira em curvas fechadíssimas
— normal. Mas carros executivos de brilho ameaçador, com carroceria
baixa e pneus largos? Nada a ver. Na Rocinha, um milhar
de olhos observa a excentricidade em silêncio, como se nada fosse.
O jornalista Misha Glenny foi correspondente do jornal “The Guardian” e da BBC na Europa continental. Consagrou-se como o livro-reportagem “McMáfia” (Companhia das Letras), em 2008, e seguiu explorando o poder das máfias globais em “Mercado Sombrio”, de 2011. Na Flip, ele lança a biografia do traficante Nem, ex-chefe do tráfico de drogas na favela da Rocinha, no Rio.
Oceanic flyingfish spotted danio fingerfish leaffish, Billfish halibut Atlantic cod threadsail poacher slender mola. Swallower muskellunge, turbot needlefish yellow perch trout dhufish dwarf gourami false moray southern smelt cod dwarf gourami. Betta blue catfish bottlenose electric ray sablefish.
COMPRARRepórter especial e colunista da Folha, Patrícia Campos Mello escreve sobre política e economia internacional. Publicou reportagens da Síria, da Turquia e do Iraque e foi a única repórter brasileira a entrevistar um comandante do Estado Islâmico. Seu próximo livro, "Lua de mel em Kobani" (Companhia das Letras), contará a história dos refugiados sírios, do Estado Islâmico e da guerra a partir da vida de um casal sírio forçado a se separar por causa do terror.
"Essa exibição pública da intimidade não é uma miudeza que mereça ser menosprezada. A interação com os leitores, por exemplo, se apresenta como um fator fundamental nos textos da blogosfera. Além disso, as margens desses relatos estão cravejadas de links que abrem janelas para outros blogs e fotologs, transformando cada texto em um nó de uma ampla rede hipermídia. Sua condição de diário íntimo no sentido tradicional, portanto, é sem dúvida alterada. Estes se mostram abertamente ao mundo inteiro, enquanto os outros eram zelosamente preservados no segredo da intimidade individual."
A portenha radicada no Rio de Janeiro Paula Sibilia atua na fronteira da comunicação e da antropologia. Seu ensaio “O show do eu: a intimidade como espetáculo”, publicado em 2008, tornou-se referência na reflexão sobre a construção de identidades “pessoais” e “íntimas” na internet. A obra ganha reedição durante a Flip.
diálogo com william s. burroughs
ser
extraplanetário
eu sou o outro você
in lak'ech ala k’in
transformo
objeto em sujeito
a linguagem
o verdadeiro
vírus
O brasileiro Ramon Nunes Melo (1984) é ator, poeta e pesquisador. É visto como um herdeiro contemporâneo da contracultura literária dos anos 1970 e 80 desde que publicou seu primeiro livro, "Vinis Mofados" (Língua Geral, 2009).
A Playboy justifica o despautério com o facto de me ter elegido homem do ano, uma ofensa que 2009, por muito mau que tenha sido, não merecia. Signi‑ fica isto que, no espaço de um mês, fui distinguido pela ILGA e pela Playboy. O mundo homossexual e o mundo heterossexual deram as mãos e convergiram na necessidade urgente de me agraciar. Que se passa com o mundo? Homossexuais e heterossexuais têm tido, desde sempre, discordâncias, conflitos, tensões. Quando finalmente concordam, dá isto. É bom que os apreciadores da paz e da concórdia façam uma refle‑ xão profunda sobre as ideias que defendem. O que em teoria é bonito, na prática pode ser grotesco.
Nascido em Lisboa, Ricardo Araújo Pereira é um dos grandes autores do texto de humor em língua portuguesa da atualidade. Ganhou notoriedade em Portugal com o grupo de humor Gato Fedorento, que fundou com amigos em 2003. Coordena a coleção de clássicos do humor da editora Tinta da China. Como escritor, publicou quatro coletâneas de crônicas em sua terra natal; no Brasil, lançou “Se não entenderes eu conto de novo, pá”, em 2012. Na Flip, Ricardo lança o manual de escrita humorística “A doença, o sofrimento e a morte entram num bar”.
É autor das coletâneas de poemas Nada a ver com a lua (7Letras, 1996), O ar das cidades (Nankin, 2000) e Píer (Editora 34, 2012). Entre as traduções literárias de sua autoria, destacam-se O caçador de sonhos e outros poemas da Criação, de Ted Hughes, e Facundo, de Domingo Faustino Sarmiento. É professor de literatura na Universidade Federal de Minas Gerais. Na Flip, lança Armadilha para Ana Cristina e outros textos sobre poesia contemporânea (Verso Brasil, 2016)
Sérgio Alcides (Rio de Janeiro, 1967) está entre os melhores ensaístas de sua geração, com trabalhos e pesquisas que cruzam aspectos de literatura e de história do Brasil. Em 2003, publicou pela Hucitec Estes penhascos: Cláudio Manuel da Costa e a paisagem das Minas, 1753-1773, sobre a poesia do inconfidente e sua inserção cultural, social e política.
Neurocientista carioca nascida em 1972, é especialista em neuroanatomia comparada. É colunista da Folha e autora de diversos livros sobre o funcionamento do cérebro; o último, "The Human Advantage" (MIT Press, 2016), ainda inédito em português, compara o desenvolvimento do cérebro de humanos com o de outros primatas.
Estou escrevendo um livro sobre a guerra… Eu, que nunca gostei de ler livros sobre a guerra, ainda que, durante minha infância e juventude, essa fosse a leitura preferida de todo mundo. De todo mundo da minha idade. E isso não surpreende --- éramos filhos da Vitória. (...) Estavam sempre relembrando a guerra: na escola e em casa, nos casamentos e batizados, nos feriados e velórios. Até nas conversas das crianças. Um menino da vizinhança uma vez me perguntou: “O que as pessoas fazem embaixo da terra? Como eles vivem lá?”. Nós também queríamos decifrar o mistério da guerra.
COMPRARA bielorrusa Svetlana Alekisévitch alcançou fama internacional ao ganhar, ano passado, o Prêmio Nobel de Literatura, o primeiro concedido a uma obra jornalística. Ela foi celebrada pela Academia Sueca por sua “obra polifônica, monumento ao sofrimento em nossos dias”. Ela é autora do aclamado “Vozes de Tchernóbil”, sobre o famoso acidente nuclear, publicado pela primeira vez no Brasil este ano. Na Flip, ela lança ainda “A Guerra Não Tem Rosto de Mulher”, sobre as mulheres que lutaram no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra, pela Companhia das Letras.
"Eu comi o melhor polvo de todos os tempos. E, porque era o melhor polvo de todos os tempos, comi muito. Onze da noite, tive uma daquelas dores de barriga que dão calafrios e arrepios e você teria tempo de ler Grande sertão: veredas no banheiro caso tivesse alguma condição de ler algo em vez de ficar se contorcendo. Se abraçando como se dissesse o tempo todo para si mesmo: “eu estou aqui com você”. Agora me diz se eu não estivesse em casa, pertinho da minha chaleira, da minha cama, do Onofre em Casa, do meu gastroenterologista, do banheiro."
COMPRARComportamento, amor, sexo e questões femininas são os temas das crônicas da escritora paulistana Tati Bernardi, colunista da Folha.
“Na primeira vez em que tomei consciência do horror sobrenatural que os palhacos me causavam, eu tinha quinze ou dezesseis anos. Estava na estação de metrô Balderas com meu amigo Cachorro. Eram onze e tanto da noite, nós tínhamos jogado dominó na cobertura de um amigo no centro da Cidade do México. Em dado momento, escutamos uma espécie de gemido profundo. (...) De cócoras, no último degrau, com as calças no meio da perna, um palhaço defecava muito à vontade”
COMPRARElogiada por autores como Rosa Montero e Enrique Vila-Matas, admirador do pós-moderno “Papeles Falsos”, publicado quando a autora tinha menos de 30 anos, Valeria Luiselli nasceu no México, mas morou em vários países. Hoje vive em Nova York, onde publicou “A História dos Meus Dentes”. É colaboradora do “New York Times”
Clarice nunca teve um projeto consciente ou uma filosofia -, o que sem disfarces colocava o livro num lugar periférico, por isso mesmo escapando dele por um triz. Talvez essa façanha só tivesse sido possível por conta de sua formação literária heterodoxa - "sem nenhuma orientação", conforme afirmava -, pobreza e trabalho precoce, misturando Dostoiévski com M. Delly, escolhendo livros pelo título, adorando filmes de terror e romances policiais, afiando o gosto ao errar despreocupadamente por todos os atalhos. Essa disponibilidade arriscada ("No fundo ela não passara de uma caixinha de música meio desafinada", diz em A hora da estrela) volta com freqüência à ordenação dos textos, transformada quase sempre em rendimento estético.
COMPRARGanhadora de três prêmios Jabuti, Vilma Arêas dá aulas de literatura, escreve ficção e é crítica literário, com foco especial em Clarice Lispector. Ela é professora titular de literatura da Unicamp. Fez parte do grupo de críticos e poetas da PUC-Rio reunidos em torno da poesia marginal, como Francisco Alvim, Clara Andrade e a própria Ana Cristina César. É autora de “Paridas” (1976) e “Vento Sul”, editados pela Companhia das Letras, entre outros. Em 1997, organizou a obra ensaística de Cacaso.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1969. Advogado, Alexandre de Castro Gomes resolveu desengavetar seus textos de literatura infantil após perceber que seus filhos pequenos se divertiam com as histórias que havia escrito. Desde 2008, quando publicou seu primeiro livro, O julgamento do chocolate (Editora RHJ, 2008), já lançou mais de vinte obras. Atualmente, é presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (Aeilij).
Nascida em Barra do Piraí (RJ), em 1977, mudou-se cedo para São Paulo. Quando pequena, preferia ouvir as memórias da bisavó a qualquer brincadeira de criança, hábito que lhe gerou gosto pela contação de histórias. A essa paixão uniu-se outra: a ilustração, mistura que deu origem a sete livros escritos e ilustrados pela autora. Este não é o presente que eu pedi (Editora Melhoramentos, 2015) e Menina amarrotada (Jujuba Editora, 2013) estão entre suas obras.
Atriz, figurinista, aderecista, contadora de histórias e escritora, Ana Luísa Lacombe nasceu no Rio de Janeiro e começou sua trajetória no teatro nos anos 1980. Participou de diversos espetáculos musicais como atriz e, em 2003, lançou sua primeira montagem autoral, Fábulas de Esopo. Já viajou todo o país como contadora de histórias. Sobre um mito indígena, escreveu a obra infantil A Árvore de Tamoromu (Formato, 2013).
COMPRARNascida em Belo Horizonte em 1945, Angela-Lago escreve, ilustra e faz animações – em projetos voltados, sobretudo, para crianças. Frequentou o ateliê do escultor Bitter, ao lado de outros artistas plásticos, e, em 1975, abriu um estúdio próprio de programação visual. Entre suas obras mais importantes estão Cena de rua (Editora RHJ, 1994) e Sangue de barata (Editora RHJ, 1980).
Blandina Franco é paulista, filha do dramaturgo Jorge Andrade. Viveu entre livros desde pequena, ainda que só tenha começado a escrever histórias para crianças depois dos quarenta. José Carlos Lollo é paulista, ilustrador e diretor de arte, com passagem pelas principais agências de publicidade do Brasil. A parceria Blandina & Lollo produziu nos últimos cinco anos mais de trinta obras, como A raiva (Pequena Zahar, 2014) e O coiso estranho (Companhia das Letrinhas, 2014). COMPRAR
Nascido no Rio de Janeiro em 1961, Celso Sisto dedica-se à literatura infantojuvenil. Depois de estudar e dar aula sobre o tema, decidiu se arriscar como autor e, desde então, já publicou sessenta livros. Também é ilustrador, arte-educador e contador de histórias no grupo Morandubetá, do Rio de Janeiro.Percorre o Brasil montando grupos de contação e oferecendo palestras e oficinas sobre o assunto. Entre suas obras estão A compoteira (Editora Prumo, 2011) e Diáfana (Editora Scipione, 2010).
COMPRARCarioca, nascida em 1950, Eliane Potiguara é escritora, poeta e professora. Sua ascendência indígena ajuda a enriquecer o caldo cultural de seus livros, como em O coco que guardava a noite (Editora Mundo Mirim, 2012), obra em que apresenta uma lenda karajá às crianças, em A cura da terra (Editora do Brasil, 2015), livro que traz a protagonista Moína na descoberta de sua origem. Hoje trabalha pela divulgação da literatura indígena no Brasil e no mundo e na articulação da Rede Grumim de Mulheres Indígenas, da qual é fundadora.
Como define o próprio autor, Ernani Ssó é um “escritor que veio do frio: nasceu em Bom Jesus (RS), numa tarde de neve”, em 1953. Aos vinte anos, entrou para o jornalismo porque queria ser escritor. Além de colunista de publicações online como Coletiva.net e Sul21, é um dos mais atuantes tradutores de espanhol no Brasil e já trabalhou em clássicos da língua, como Dom Quixote e Novelas exemplares, de Miguel de Cervantes. Tem diversos livros publicados para crianças, jovens e adultos, como No escuro — Mais sete histórias tenebrosas de bruxa (Editora Edelbra, 2012) e Virou bicho! (Companhia das Letrinhas, 2009).
É percussionista, arte-educador e contador de histórias, profissão que herdou do pai. Estevão realiza inúmeras “mirabolâncias” pelo mundo, como gosta de chamar suas oficinas de música para crianças e adultos. Tem um canal de vídeos online, em que busca despertar a sensibilidade musical dos pequenos. Além disso, é integrante do Grupo Triii, com quem escreveu Pão, pão, pão (Editora Melhoramentos, 2013) e Ei, ei, ei, Vanderlei (Editora Melhoramentos, 2011).
COMPRARNasceu em 1959, em Porto Alegre. Incentivada pela família, Laura Castilhos desenha desde pequena, até perceber que gosta mesmo é de narrar histórias por meio de imagens. Ilustrou diversas obras infantis, como É verdade! É mentira (Editora 8INVERSO, 2012), de Dilan Camargo, e Aciranda da bicharada (Editora Edelbra, 2011), de Caio Riter. É professora no Instituto de Artes da UFRGS e oferece oficinas para crianças sobre o processo criativo da ilustração.
Nascido em 1978, em Salvador, Lázaro Ramos é ator, apresentador, cineasta e escritor. Atuou em diversos filmes, peças de teatros, minisséries e novelas, como Cobras & Lagartos, da Rede Globo – atuação que lhe rendeu indicação ao Emmy Awards 2007, umas das principais premiações da TV internacional. Desde 2006, dirige e apresenta o programa Espelho, no Canal Brasil. Estreou na literatura infantil em 2010, quando publicou A velha sentada (Editora Uirapuru, 2010) e, cinco anos depois, lançou sua segunda obra do gênero, Caderno de rimas do João (Pallas Editora, 2015).
COMPRAREm 1994, Paulo Tatit e Sandra Peres decidiram se unir para formar uma dupla musical infantil, a Palavra Cantada. Desde então, são mais de 20 discos dedicados às crianças, dois milhões de CDs vendidos e diversos projetos que procuram estimular a musicalidade e o gosto pela poesia entre o público infantil. A dupla lançou livros ilustrados baseados em suas composições, como Vambora, tá na hora! (Editora Melhoramentos, 2014) e Papagaio Reginaldo e a árvore da montanha (Editora Melhoramentos, 2013).
COMPRARNasceu em São Paulo, em 1978. Patricia Auerbach é arte-educadora, escritora e ilustradora de livros para crianças. Entre suas obras publicadas estão O jornal (Editora Brinque-Book, 2012) e Histórias de antigamente (Companhia das Letrinhas, 2015). Trabalhou como diretora de arte em agências de publicidade e deu aulas de história da arte. Também atua na ONG Pró-Saber São Paulo, voltada para alfabetização e letramento, em Paraisópolis, na capital paulista.
COMPRARPaulistana, Selma Maria está no universo da arte-educação desde cedo. Além de professora de arte, lida com pesquisas de cultura da infância, abordando as múltiplas formas de brincar em crianças que vivem fora de centros urbanos. Tal pesquisa a levou para o interior do Brasil, especialmente à região onde Guimarães Rosa cresceu, em busca das raízes do escritor. Escreveu livros como Isso, Isso (Editora Peirópolis, 2010), Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos da cidade (Editora Peirópolis, 2011) e O livro do palavrão (Editora do Brasil, 2015).
“Eu também sou viúvo. Minha mulher, Heloísa, morreu faz quase sete anos. Depois de sua morte, o que senti de mais concreto foi alívio. Doía vê-la definhando, aos poucos, no hospital. Para me proteger da dor, cerca de um mês antes de sua morte real, desenganei-a dentro de mim. Matei-a antes que ela morresse. Mas estive a seu lado todo o tempo, até que o coração finalmente parasse de bater.”
COMPRAREscritor, diplomata e ativista de direitos humanos. É colunista do jornal Folha de S. Paulo, mestre em direito pela Universidade de Harvard. Seu segundo romando, “Sergio Y. Vai à América”, foi vencedor do Prêmio Paraná de Literatura
Mesa Sociedade da intolerância
“Para minha mãe, Marli, então com trinta anos, também eram novidade aquela garoa incessante de São Paulo, aquele vento que cortava o rosto e a expectativa sobre o que ocorreria com seu filho e com a sua própria vida. Ela tinha a alma e o coração gelados, mas tentava manter a cabeça em funcionamento e o raciocínio em ordem para poder se acalmar e, quem sabe, contribuir para que eu saísse vivo daquele hospital. Nos corredores cheios de aflição da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, ora ela cochilava nos bancos, ora tentava me espiar através de um espelho, o único meio de saber o que acontecia comigo no setor de isolamento, que era o local onde colocavam os bebês em situação crítica de saúde provocada pela paralisia infantil. Naquela época, ainda não havia conhecimento total sobre a doença nem sobre suas implicações. Desgarrar as crias de suas mães era o protocolo exigido, pois o vírus continuava a destruir o corpo do bebê e era preciso realizar cuidados urgentes e minuciosos. Entre eles, deixar a criança no interior do “pulmão de aço”, aparelho que hoje passaria por instrumento medieval, mas que, naquele tempo, foi fundamental para salvar milhares de vidas. O único meio de “contato” que minha mãe tinha comigo era um reflexo. Um espelho, instalado no aparelho, bem acima da minha cabeça, projetava para ela a minha imagem mirrada.”
Cadeirante, o jornalista aborda aspectos da vida de deficientes e de cidadania no blog “Assim como Você”, na Folha
Mesa Sociedade da intolerância
“Pensando no Brasil Nação, há 188 anos de eleições de parlamentares e 174 anos de funcionamento regular do Congresso Nacional. Deputados e senadores brasileiros cumprem mandato em uma tradição que existe em raríssimas democracias ocidentais. Nos 122 anos de República, a grande maioria dos comandantes do Executivo foi eleita e entregou o cargo ao fim do mandato, nos estados e na federação. Parece claro no nível dos fatos: a prática da democracia está impregnada na sociedade. O poder entregue por ela, através de eleições, a representantes eleitos que governam por mandatos temporários é fato regular na história brasileira em muitas instâncias.”
COMPRARJorge Caldeira é cientista político e escritor. Foi publisher da revista “Bravo!”, editor-executivo da revista “Exame”, editor da “Ilustrada” e da “Revista da Folha”, do jornal Folha de S. Paulo, editor de economia da revista “Isto É” e editor da “Revista do Cebrap”
Brasil: nem céu nem inferno
“Por que fui tão identificada com a questão do diário e da correspondência? O diário e a carta são o primeiro tipo de produção da escrita que temos. Mulher na história começa por aí, dentro do âmbito particular, do familiar, do íntimo. Carta é um tipo de texto que vc escreve para alguém. Não é necessariamente pelo prazer do texto, não é um poema, não é uma produçãoo estética. Carta é para mobilizar alguém. É a função fática do Jakobson. A ênfase na segunda pessoa. Diário também. Você escreve porque não tem um confidente. (...) Quando vc não tem um interlocutor confidente e fica engasgado, apela para o diariozinho. A segunda pessoa no diário é mais abstrata mas existe. Literatura também. Quando se escreve um poema, a intenção é mobilizar alguém mesmo que você não saiba direito quem é esse alguém. (...) Dentro dessa perspectiva do desejo do outro é que está minha insistência no diário. (Transcrição de aula de Ana Cristina César, em 1983, na Faculdade da Cidade do Rio de Janeiro)”
Paulista de Ribeiro Preto, Heloísa Buarque de Hollanda surgiu como um dos principais nomes da crítica literária brasileira nos anos 1970. Seu nome está intimamente ligado à Poesia Marginal, ou Geração Mimeógrafo, quando publicou a antologia “26 Poetas Hoje” (1975), que, além de Ana Cristina César, contava com Francisco Alvim, Chacal e outros. O livro, aliás, é relançado pela e-galáxia durante a Flip. Ela também é editora da Aeroplano. Heloísa também relança na Flip, pela mesma editora, “Correspondência Incompleta” (1999), com as cartas que trocou com Ana Cristina César. Também divulga um aplicativo com os cartões postais que trocou com a poeta
“Os modernistas de São Paulo, em especial Menotti del Picchia e Oswald de Andrade, usavam habitualmente o termo “futurismo”, mas o faziam em sentido elástico, para designar as propostas mais ou menos renovadoras que se opunham às receitas “passadistas” e “acadêmicas”. A polarização futurismo × passadismo servia como tática retórica eficaz — mas também simplificadora. Esse aspecto do discurso modernista, que se apresentava como ruptura com o “velho”, acabava por atirar na lata de lixo do “passadismo” manifestações variadas, às quais, diga-se, não raro os próprios “novos” estavam atados.”
COMPRARNasceu em 1956. Estudou literatura na PUC-RJ e cursou o mestrado em Comunicação na UFRJ. Trabalhou para diversos veículos da imprensa brasileira. Foi editor da “Ilustrada” e do caderno “Mais!”, na Folha de S.Paulo. Atualmente é editor da “Ilustríssima”
"Por que complicamos tanto o que deveria ser simples na educação das crianças? Por razões que são nossas, apenas nossas. Não queremos que elas sofram – como se fosse possível evitar que isso ocorra –, não queremos sofrer com a dor delas, não queremos que elas vivenciem frustrações, não queremos que sejam excluídas de grupos sociais. Para nós, o que conta são esses nossos sentimentos, mesmo que, para elas, passar por todas essas experiências “negativas” seja algo muito benéfico."
COMPRARPsicóloga e consultora em educação, é colunista da Folha, onde escreve sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar
“Em 1946, como sabemos, Dutra tomou posse na Presidência, fechou os cassinos e o pânico tomou conta de milhares. Oscar teve de deixar a Urca, mas foi dos poucos que não se abalaram. Octavio Guinle, que já o conhecia, absorveu-o no Copacabana Palace como diretor artístico. A partir dali, o nome de Oscar Ornstein — já ninguém mais o ignorava no Rio — tornou-se sinônimo do Copa. Pelos 24 anos seguintes, ele foi o responsável pela constelação que passaria pelo palco do Golden Room: os franceses Jean Sablon, Lucienne Delyle, Yves Montand, Jacqueline François, Gilbert Bécaud, Edith Piaf, Charles Aznavour, os americanos Dorothy Dandridge, Joyce Bryant, Ella Fitzgerald, Lena Horne, Nat “King” Cole, Sammy Davis Jr., Tony Bennett, Johnny Mathis, a alemã Marlene Dietrich; o chileno Lucho Gatica, a espanhola Sarita Montiel, a portuguesa Amália Rodrigues.”
COMPRARRuy Castro começou como repórter em 1967, no “Correio da Manhã”, no Rio, e passou por todos os grandes veículos da imprensa carioca e paulistana. A partir de 1990, concentrou-se nos livros. É autor de biografias de Carmem Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, e de livros de reconstituição histórica sobre a bossa nova, Ipanema e Flamengo. Também é colunista da Folha
“Nunca tinha esperado nada por tanto tempo. Muito menos tinha tido a certeza de que com um simples movimento de braço e perna, repetido poucas vezes, meu futuro estaria revelado. A enfermeira que me acompanhava falou alguma coisa em uma língua que não entendi para outra mulher, que vinha da sala mais à frente, à esquerda. A voz da minha mãe sumiu e foi a minha que ouvi, perguntando: “Algum problema?”. “Ela só queria saber quem é você”, disse a moça. “E respondi que você é a mãe das duas meninas.””
COMPRARJornalista da Folha de S.Paulo e escritora
“Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé.”
(Conto “A Galinha”, de Clarice Lispector)
O americano Benjamin Moser tornou-se conhecido no Brasil com a publicação de “Clarice,” (Cosac Naify), biografia da escritora de origem ucraniana e um dos principais nomes da literatura brasileira no século 20. Ao organizar uma edição em inglês com todos os contos de Clarice, ele ajudou a dar projeção internacional à obra dela. Agora, Moser lança no Brasil a edição com as histórias curtas das autoras e o livro de ensaios “Autoimperialismo” (Planeta). Atualmente, ele trabalha numa biografia da intelectual americana Susan Sontag, que sai em inglês no próximo ano
“Tudo começa quando o estudante de chinês decide aprender chinês. E isso ocorre precisamente quando ele passa a achar que a própria língua não dá conta do que tem a dizer. É claro que isso significa, também, que a possibilidade de dizer não está no chinês propriamente dito, mas numa língua que ele apenas imagina, porque é impossível aprendê-la. É nessa língua que ele gostaria de contar sua história. Vamos chamar essa língua de chinês, na falta de um nome melhor. Ele gostaria de dizer, em chinês: “É um lugar-comum viajar para esquecer uma desilusão amorosa, mas é impossível escapar ao lugar-comum”, só que não pode, porque não chegou a essa lição. O estudante de chinês está a caminho da China justamente para escapar ao inferno dos últimos sete anos, seis deles divorciado, desempregado e estudando chinês, quando depara, na fila do check-in, com a professora de chinês desaparecida dois anos antes, quando, de uma hora para outra, sem explicações, ela abandonou as aulas individuais que dava para ele na escola de chinês, obrigando o estudante a continuar o curso com uma substituta. Desde que a professora desaparecera, o estudante de chinês, que nos últimos anos transformara os comentários anônimos na internet, e em especial os hediondos, em sua principal atividade diária, aguardava uma urgência e um pretexto para comentar também a história dela, e o reaparecimento inesperado da professora de chinês na fila do check-in lhe parece mais que suficiente”
COMPRARFoi editor do suplemento de ensaios “Folhetim” e correspondente da Folha de S. Paulo em Paris e Nova Iorque. Eu livro “Mongólia” recebeu o Prêmio APCA e o Prêmio Jabuti de melhor romance. “Nove Noites” recebeu o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira e “Reprodução”, o Jabuti
O apresentador do programa “É de Casa”, da Globo, começou sua carreira como repórter em 1987, na Folha de S. Paulo. Passou pela MTV e pela TV Cultura