TERRA DE GIGANTES

Em integração com o entorno e com galerias na vertical, um Sesc no coração de SP e a torre de vidro do Instituto Moreira Salles, na Paulista, são os novos centros culturais da cidade

Prédio do IMS a partir de túnel sob a Paulista

Instituto Moreira Salles

Do IMS, a Paulista vira abstração filtrada pelos vidros da fachada

Numa ponta da Paulista, entre duas estações de metrô, o novo Instituto Moreira Salles parece uma continuação da avenida para quem anda pela calçada.

Duas escadas rolantes na entrada viram uma extensão do movimento do lado de fora, levando a uma praça suspensa com vista panorâmica do skyline ao redor.

Sua fachada translúcida e o piso de pedras portuguesas do saguão elevado parecem reforçar a estratégia da firma Andrade Morettin Arquitetos de fazer dessa mais nova torre cultural da cidade uma extensão de seu entorno.

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Enquanto a calçada que avança para dentro do volume construído ecoa o Conjunto Nacional e a relação entre os andares lembra o térreo da torre da Fiesp, a caixa de vidro com vista para a avenida repisa as táticas do Masp, obra-prima de Lina Bo Bardi.

Essas semelhanças só aumentam o impacto que o prédio, mesmo se ainda em construção, já exerce sobre seu entorno. Sua estrutura levíssima, de aço e concreto, sustenta um paredão de vidro que deixa à mostra um grande bloco vermelho lá dentro.

O volume, que abriga as três galerias de arte no alto do novo centro cultural, vira um corpo etéreo quando visto de fora -é o coração do museu que tem ainda ateliês na cobertura e uma biblioteca de fotolivros, auditório, salas de aula e um restaurante embaixo.

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"Ele se alinha com a vida na Paulista, onde as pessoas se encontram", diz Marcelo Morettin, metade da dupla que desenhou o prédio. "São Paulo pode ser muito hostil, não tem descanso, então aqui você reconquista a escala humana num lugar denso. Tem a mesma proposta de multiplicação do espaço público." Ou de "horizontalizar o espaço vertical", nas palavras de Lorenzo Mammì, o diretor artístico desse novo IMS.

Orçado em R$ 80 milhões e construído ao longo dos últimos quatro anos, o lugar deve se tornar agora a maior vitrine de um acervo com mais de 2 milhões de imagens, engrossando um corredor cultural com uma série de outras instituições de peso.

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Três mostras –do americano Christian Marclay, do suíço Robert Frank, além de uma coletiva com artistas brasileiros, entre eles Bárbara Wagner, Jonathas de Andrade e Sofia Borges– vão ocupar suas galerias quando o espaço abrir as portas em setembro –a inauguração antes marcada para 21 de agosto foi adiada por um atraso nas obras.

Lá dentro, no entanto, as exposições ocupam espaços reservados, fechados à circulação que deve tomar conta das escadarias do prédio. Vista no caminho, entre uma exposição e outra, aliás, a Paulista vira uma abstração ruidosa e colorida filtrada pela casca de vidro da fachada.

"O prédio se torna às vezes mais vibrante", diz Morettin. "À noite, ele fica transparente e vira uma lanterna. Acaba criando uma atmosfera."

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