Entre 1966 e 1969, a música pop é inundada pela psicodelia, num movimento que vai do folk para o rock psicodélico e o country, nos Estados Unidos, e do R&B para o pop psicodélico e o rock progressivo, na Inglaterra

 

GUILHERME WERNECK

arte ALEX KIDD

24/01/2016 - 7h00

 

PSICODELIA NO REINO UNIDO

CREAM

THE SOFT MACHINE

ZOMBIES

THE BEATLES

PINK FLOYD

PSICODELIA NOS EUA

LOVE

THE BYRDS

JIMI HENDRIX

GRATEFUL DEAD

JEFFERSON AIRPLANE

Ao misturar rock, raga e manipulação sonora em “Tomorrow Never Knows”,
do álbum “Revolver”, de 1966,
os Beatles espalham a psicodelia dos dois lados do Atlântico e abrem caminho para a explosão colorida que viria no ano
seguinte com “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”

Antes de se tornar o dinossauro progressivo, o Pink Floyd da era Syd Barrett fazia nascer uma nova sensibilidade psicodélica a partir de seus shows no clube UFO. O single “Arnold Layne”, produzido por Joe Boyd, que ganhava versões de 15 minutos ao vivo, é o melhor exemplo dessa primeira fase da banda

 

Rival do Pink Floyd no UFO, a primeira fase da banda de Canterbury, com Robert Wyatt, Kevin Ayers, Daevid Allen e Mike Ratledge, criava suas zonas psicodélicas a partir de uma tensão entre o pop dos Beatles e jazz de vanguarda. O melhor registro dessa fase é o álbum “Volume Two”, de 1969

 

Os melhores exemplos da fase psicodélica da banda de Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker são “Disraeli Gears”, de 1967, e o duplo “Wheels of Fire”, de 1968, que praticamente registra duas bandas: a primeira é totalmente visceral ao vivo e a outra, cerebral e chapada, explorando as possibilidades de arranjos e do estúdio

O grupo beat teve seu principal momento "flower power" com o belíssimo “Odessey and Oracle”, cuja gravação começou em 1967 na mesma semana em que “Sgt. Pepper’s” foi lançado, usa o estúdio Abbey Road em todo o seu potencial e traz
um outro lado da psicodelia, melancólico reflexivo e quase pastoral

Ao lado do Jefferson Airplane e Country Joe and the Fish, era a principal banda das festas acid test em San Francisco. Suas longas jams ao vivo vinham do blues e do R&B. “Anthem of the Sun”, de 1968, é o disco no qual a banda chega ao pico psicodélico antes de migrar lentamente para o country rock

“Alice no País das Maravilhas” é uma referência central para a psicodelia, não é à toa que a faixa “White Rabbit”, do segundo disco da banda, "Surrealistic Pillow", de 1967, é a música que melhor exemplifica os efeitos do LSD numa banda com raízes no folk

Outra banda cujo arco vai do folk para o rock psicodélico e daí para o country. Mas só por ter feito “Eight Miles High”, o hino psicodélico "avant la lettre" de 1965, lançada em compacto e no psicodélico “Fifth Dimension” em 1966, a banda merece entrar para esse panteão da expansão da consciência. Talvez ao lado dos Beach Boys de “Pet Sounds”

Los Angeles tem uma sensibilidade muito diferente de San Francisco, e a psicodelia de “Forever Changes”, do Love,
talvez seja a que melhor representa esse lado menos hippie da psicodelia, seguido de perto pelos primeiros discos do Doors

Ponte entre Inglaterra e Estados Unidos, os três discos do Jimi Hendrix Experience, lançados entre 1967 e 1968: “Are You Experienced”, “Axis: Bold As Love” e o duplo “Electric Ladyland” são os mais ousados em traduzir para a o idioma do rock, usando surf music, blues e feedback, as possibilidades de um mundo em que as portas da percepção estão sempre abertas

 

As portas abertas nos anos 60 pelo rock psicodélico e por outras correntes vindas da música erudita e do jazz abriram caminhos que ainda são explorados na música. Não temos mais o verão do amor, mas muitas ilhas repletas de psiconavegantes. Cinco discos que exploram a neo-psicodelia.

CRIADOS NA

Numa época em que reciclar parece ser inevitável, os australianos do Tame Impala usam todos os truques --bons e ruins-- para fazer o rock psicodélico dos anos 60 reverberar nos anos 2000. Seu melhor álbum é o de estreia: “Innerspeaker”

Uma forma diferente de reciclagem vem do Japão. A venerável Acid Mothers Temple embarca há 20 anos num rock mântrico, cheio de noise e versões ao vivo e de estúdio que remetem às canções de forma livre dos anos 60. Para começar por um disco recente, tente “Astrorgasm From the Inner Space”, de 2014

Usando improvisação, eletrônica de vanguarda e uma boa dose de Beach Boys, o Animal Collective e seus membros avançam em novos territórios psicodélicos. Um bom começo é o disco em que a influência de “Pet Sounds” é mais nítida, “Merriwheather Post Pavilion”, de 2009

 

Outra vertente interessante da psicodelia é a das recombinações da música eletrônica. O projeto de Zé Rolê Psilosamples é um ótimo exemplo de um caldeirão psicodélico que nasce da música brasileira em contato com outras fontes sonoras. Comece por “Rec/Loop”, de 2015

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