Contradizendo o mito do país cordial, este relato autobiográfico, que se tornou um clássico contemporâneo, traz o testemunho em primeira pessoa da tragédia da população negra brasileira, lançada à sua própria sorte, e comprova que, no Brasil, o fim da escravatura nunca se consolidou.

Mesmo quando polêmica, trata-se de uma análise transgressora que se atreveu a evidenciar os nossos paradoxos enquanto nação e, por isso, tornou-se referência obrigatória para compreender a geleia geral brasileira.

Obra fundacional da moderna cosmogonia brasileira, esse romance faz da carnavalização o instrumento perfeito para expressar a geleia geral como coisa 'bárbara e nossa'.

Romance que disseca o grau extremo de desigualdade de um país que tem, lado a lado, a Amazônia e o semi-deserto, a espantosa exuberância e a fome extrema, o refinado e o bruto, que definem o paradoxo brasileiro.

Em meio ao cipoal de um olhar estrangeiro, essa obra de difícil definição apontou caminhos e descaminhos do Brasil, escancarou o âmago das nossas raízes indígenas e prefigurou as perspectivas cruciais do nosso futuro enquanto nação.

Romance experimental cearense dos anos 1970, pioneiro ao mesclar a nordestinidade mítica com elementos icônicos da cultura de massas, perfazendo uma atrevida atualização da antropofagia modernista e tropicalista na literatura brasileira contemporânea.