É uma obra que nos permite visualizar como o genocídio marca a história da formação do Estado brasileiro, nos despertando uma reflexão ímpar em alguns momentos da leitura, trazendo uma angústia pela história não contada dos brasileiros que aqui estavam antes de Pindorama se tornar Brasil.

Nós, povos indígenas brasileiros, temos conhecimento de causa de como se deu o processo de 'conquista'' e ''independência do Brasil'', independência extremamente questionável em uma sociedade que ainda exerce uma colonialidade do poder, do ser etc. Nesse sentido, Krenak nos convida a revisitar nossa ancestralidade enquanto país, considerando que essa ''independência'' que elegeu um modelo extrativista dos recursos naturais está nos levando para o fim de nossa existência enquanto humanidade.

Considero este livro um clássico da antropologia brasileira. Resultado da tese de doutorado do referido autor, nos dá subsídios para entendermos como é fundado as bases do Estado brasileiro e qual foi sua relação com os povos originários que aqui viviam antes da invasão. O autor narra, de forma pormenorizada, os resultados desastrosos da política indigenista brasileira, fundada no integracionismo e no assimilacionismo dos povos indígenas que, durante muito tempo, foram princípios norteadores do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e da Funai.