Descrição de chapéu Independência, 200

200 anos, 200 livros

Conheça 200 importantes livros para entender o Brasil, um levantamento com obras indicadas por 169 intelectuais da língua portuguesa

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Thyago Nogueira

Curador e editor, dirige o departamento de fotografia contemporânea do IMS e é editor-chefe da revista ZUM

As indicações de Thyago Nogueira

Essa súmula dos 20 cadernos que a catadora de papel Carolina Maria de Jesus escreveu entre 1955 e 1960 na favela paulistana do Canindé é um soco no estômago. Com urgência comovente, percepção aguçada e síntese acachapante, Carolina interpreta o Brasil melhor que muito estudioso laureado por aí. Driblando a fome e o desprezo, a escritora ensina que inteligência não se confunde com erudição, que integridade não depende de dinheiro e que a estupidez e a ganância continuam a destruir mentes brilhantes que resistem em favelas ou nas ruas do país.

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Com 736 páginas, este livro é pequeno diante de sua importância monumental. Nele, o líder e xamã Davi Kopenawa reinventa a compreensão do Brasil ao narrar a origem do mundo e de tudo o que é vivo, os fundamentos de sua civilização, sua luta incansável contra o genocídio e a falácia destrutiva da ideia de desenvolvimento promovida pelo 'povo da mercadoria'. Com alta densidade mitológica, literária e visual, Kopenawa nos oferece a chance única de repensar a centralidade de nossa existência e evitar que o céu desabe sobre o futuro do país e do mundo.

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Indicações fora da lista

Neste breve manual de guerrilha, a artista Jota Mombaça usa sua inteligência molotov para transformar a experiência pessoal de uma 'bicha racializada, gorda e não binária, oriunda da periferia do Nordeste brasileiro' em arma contra o colonialismo, o capitalismo racial e a violência antinegra e anti-indígena. Afiada como gilete, Mombaça encara sua transição de gênero como estratégia abolicionista, desdenha do engajamento paternalista, convoca à união incendiária e abraça o fracasso e fim do mundo como políticas para escapar da opressão.