Livro aponta as características formativas do país e seu efeito sobre o presente de então, 1936. O autor busca interpretar o processo de formação da sociedade brasileira –singular e distinto da dos outros países da América Latina – por meio da herança colonial e da influência da cultura portuguesa na construção da nação. Também é evidente o teor político na denúncia da permanência do passado colonial no processo de modernização da sociedade brasileira, especialmente quando o Estado Novo estava prestes a ser instalado, em 1937.

Verdadeiro acontecimento na história da cultura brasileira, o livro detalha o desenvolvimento do Brasil a partir do regime patriarcal e escravocrata, exaltando o papel do indígena e o desempenhado pelo negro no processo de formação da cultura, sem menosprezar a contribuição do português como fator responsável pelo início de todo esse processo. Ao dissecar o relacionamento das três raças, Freyre confere à mestiçagem uma significação inédita.

Em um estudo aprofundado e erudito, as autoras, com impressionante capacidade sintética, propõem uma reflexão sobre as contradições da herança da mestiçagem brasileira, apontando especialmente para as falhas da sociedade, que ainda pratica violência contra as minorias. O livro traça ainda uma alentada 'biografia' de um país cujo final é necessariamente aberto.

Fruto de uma pesquisa de 30 anos, o livro discute a formação dos brasileiros, sua origem mestiça e a singularidade do sincretismo cultural que dela resultou. Segundo Ribeiro, o país é resultado da mistura histórica de diversos 'modos rústicos', que são os sertanejos do Nordeste, os caboclos da Amazônia, os crioulos do litoral, os caipiras do Sudeste e Centro-Oeste, os gaúchos das campanhas sulinas, além da miscigenação com estrangeiros. Conceitos históricos e antropológicos que buscam respostas para a questão: por que o Brasil não deu certo?

Autor de uma escrita contraditoriamente barroca e lapidada, João Ubaldo reproduz, neste romance, o efeito do ufanismo estimulado, em 1984, pela fracassada campanha das Diretas Já, como bem observa o crítico Wilson Coutinho. O texto é uma espécie de alegoria na qual são resumidos três séculos de Brasil, desde a ocupação holandesa até o Estado Novo e o golpe de 1964, com destaque para as guerras de Canudos e do Paraguai.

Os cinco volumes trazem o mais completo relato até hoje sobre o golpe militar de 1964 e o regime ditatorial imposto em seguida, com suas consequências políticas, sociais e econômicas. O autor reconstrói minuciosamente os motivos e o dia a dia dos revolucionários, e a amplitude de suas ações. Gaspari também não pretende encontrar o sentido subjacente aos acontecimentos narrados por ele, mas tem o cuidado de permanecer rente aos fatos. Com isso, os livros desenham de forma precisa um período crucial da história brasileira.