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50 anos depois, quem é mais famoso?
Beatles 10 anos

“Nós somos mais populares que Jesus Cristo!” John Lennon (1966)

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50 anos depois, quem é mais famoso?
Jesus 3 anos
(aproximadamente)

“Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia, e a sua fama correu por todas as terras em derredor” Lucas 4:4

Jesus

Anos desde o nascimento: Cerca de 2.016

Duração do trabalho: Cerca de 3 anos

Obra de referência: Bíblia - 5 bilhões de unidades

No Twitter (entre 21/01 e 22/02): 1.452.714 tuítes

Termos mais citados (em uma amostra de 1.500 tuítes, entre 2/2 e 2/3) : jesus (166) cristo (47) reencarnado (17) deus (11) ceia (9)

Jesus ganha de lavada na internet

Na internet, Jesus é pop. Bem mais que os Beatles, pelo menos. Se, há 50 anos, John Lennon disse que o quarteto de Liverpool "era mais popular que Jesus", caso o cantor fosse vivo hoje não poderia dizer o mesmo. Ao menos é o que mostram dados de monitoramento de redes sociais.

No Facebook, o número de curtidas nas seis maiores páginas de cada um é semelhante (43,5 milhões para Jesus, contra 42,4 milhões para os Beatles), mas o engajamento com o nazareno é bem maior: 9 milhões de pessoas falando sobre Cristo, contra somente 386 mil da banda. O número de tuítes é igualmente favorável: 1,4 milhões citando Jesus em um período de trinta dias (21/01 a 22/02), ante 41 mil citando Beatles, para o mesmo período.

É simples o motivo para essa “lavada”, segundo o pastor Darcy Sborowski, da Igreja Batista de Vila Mariana: as boas ações de Jesus em Terra. “O que Jesus fez pelo homem, em termos de amor, nunca existiu paralelo. Por isso ele continua tão lembrado”.

Sborowski não tem ressentimento com John Lennon –tanto que é fã da banda e adora a música “Yellow Submarine”, a sua favorita do grupo–, mas entende que o cantor fez uma leitura errada do momento histórico. “Era preciso de um estudo estatístico para poder confirmar quem era mais popular. A banda era conhecida no mundo ocidental. Já Jesus é no mundo inteiro. Até nos céus e no inferno”, diz.

Roberto Francisco Daniel, antigo padre Beto e que foi excomungado em 2014, toca músicas do quarteto fantástico em reuniões que ainda hoje promove com seguidores. Fã de Beatles e de Jesus, ele acredita que a popularidade de Cristo encontrada nas redes sociais não se reflete na sociedade. “Vivemos num mundo violento, corrupto. As palavras de Cristo não estão sendo seguidas”, diz.

Apesar da “derrota”, Leandro Donner, professor do curso de extensão “Beatles: história, arte e legado”, na PUC-Rio, e beatlemaníaco, vê um empate técnico na popularidade. “Somente o fato dessa frase estar em discussão até hoje mostra o alcance da banda. E tem que se pensar na carreira: os Beatles tem 56 anos de estrada; Jesus, mais de dois mil. Meu sonho é que daqui dois mil anos ainda falem de Beatles”.


Expediente

Reportagem: Mateus Luiz de Souza

Ilustração e Programação: Lucas Zimmermann

Beatles

Anos desde o nascimento: 56

Duração do trabalho: 10 anos

Obra mais vendida: “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band” - 30 milhões de cópias

No Twitter (entre 21/01 e 22/02):41.362 tuítes

Termos mais citados (em uma amostra de 1.500 tuítes, entre 2/2 e 2/3) beatles (75) lennon (51) george (50) john (48) paul (21) harrison (11) paul (21)

Fãs dos Beatles são menos engajados que os de Jesus

Há 50 anos, em 4 de março de 1966, John Lennon e os Beatles davam provavelmente a sua mais polêmica entrevista, ao jornal inglês “London Evening Standard”. "O cristianismo irá desaparecer. Vai diminuir e encolher. (...) Hoje nós [Beatles] somos mais populares que Jesus. Não sei quem vai desaparecer primeiro, o rock'n'roll ou o cristianismo", diziam.

A frase teve efeito imediato. Hereges e blasfemos foram alguns dos adjetivos usados por grupos religiosos para atacar o quarteto de Liverpool. A imagem do “Fab Four” sofreu forte desgaste, em um período que começavam a ganhar relevância nos Estados Unidos, e eles tiveram que se retratar diversas vezes. Em 2010 o Vaticano emitiu um comunicado oficial perdoando o grupo. “Ouvindo suas músicas, tudo isso parece insignificante”, dizia a mensagem.

Se a frase tivesse sido dita nos tempos atuais, provavelmente seria o assunto mais comentado do dia no Twitter. Textões seriam publicados no Facebook pró e contra a banda. Se é impossível cravar se o quarteto era, de fato, mais popular que Jesus àquela época, cinco décadas depois é possível mensurar, ao menos em métricas de redes sociais, quem é mais popular. E, nesse ponto, Jesus é mais pop.

No Facebook, em número de curtidas, há praticamente um empate técnico. Jesus tem 43,5 milhões, contra 42,4 milhões de Beatles, levando-se em consideração as seis páginas mais curtidas de cada um. No entanto, o engajamento com Jesus é muito maior: 9 milhões de pessoas falando sobre Cristo, contra somente 386 mil da banda. O número de tuítes é igualmente favorável ao nazareno: 1,4 milhões citando Jesus em um período de trinta dias (21/01 a 22/02), ante 41 mil citando Beatles, para o mesmo período.

Para Breno Sotto, coordenador de projetos da E-life, empresa de monitoramento digital, são dois os principais motivos que levam a isso. “Primeiro, há o ponto histórico. A presença religiosa está no dia a dia das pessoas, enquanto Beatles não está mais na pauta de discussão, por isso o esquecimento. Mas há o fator linguístico. Lamentamos 'Jesus do céu', mas ninguém fala 'Beatles amado'. E isso também é transposto nas redes sociais”.


Expediente

Reportagem: Mateus Luiz de Souza

Ilustração e Programação: Lucas Zimmermann