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Como está o Museu Nacional um ano depois
O incêndio destruiu ou danificou 17 das 37 coleções que guardavam conhecimentos coletados ao longo de dois séculos. Desde então, cientistas e alunos tentam salvar o acervo atingido, coletar itens para recompor coleções e retomar os estudos
Júlia Barbon, Marcelo Pliger e Simon Ducroquet
O museu foi cercado por tapumes de metal, e foram colocados contêineres para funcionarem como laboratórios e depósitos. A antiga garagem virou espaço de triagem de objetos
No incêndio, os dois andares e o telhado desabaram, transformando o edifício em um “esqueleto” com pilhas de escombros dentro
Uanderson Fernandes/Folhapress
Por isso, foi instalada uma cobertura provisória para evitar a chuva e as paredes foram escoradas
O incêndio causou estragos de diferentes intensidades em cada área do museu. Na maior parte das salas, o reboco foi consumido e o piso de madeira queimou e desabou. Vigas de aço que sustentavam os pavimentos ficaram retorcidas. Hoje, a maioria dos escombros já foi retirada.
A entrada foi pouco atingida. O meteorito Bendegó, dois quadros e uma balaustrada sobreviveram. As lajes dessa área, que não desmoronaram, agora são sustentadas por estruturas de madeira
Quase todas as janelas, portas e escadas de madeira se perderam. A escada central, de mármore, resistiu ao fogo
Nesta sala, o fóssil de uma árvore da Antártica permaneceu onde estava. Os escombros foram removidos de cima dela, e os pesquisadores agora estudam uma maneira de retirá-la
No fundo do bloco da frente, armários que guardavam peças em um mezanino no 3º piso ficaram presos em vigas, o que os salvou do desabamento e esmagamento
O jardim interno foi uma das poucas áreas bastante preservadas. Parte das folhas e galhos ficou queimada, mas a maioria sobreviveu
Nestes blocos, o telhado não caiu. A equipe do museu depois descobriu que eles haviam passado por manutenção recentemente
O bloco nos fundos está sendo escavado neste momento, por isso a Folha não pode ter acesso ao local. Ali, uma viga de aço derreteu a ponto de se romper
O trabalho de retirar as peças dos escombros está praticamente paralisado há dois meses, por falta de contêineres e mão-de-obra, mas deve retornar em breve
Como o resgate está sendo feito
Paleontólogos e arqueólogos, que dominam técnicas de escavação, usam pás e pincéis para remover cuidadosamente o entulho em busca de peças
Curadores responsáveis pelo conteúdo daquela sala ajudam na busca. Quando uma peça é encontrada, é fotografada e segue para a triagem em caixas
Na triagem, sobre uma mesa forrada de isopor branco, os objetos são limpos e novamente fotografados e registrados
A peça que está fragilizada é tratada nos contêineres-laboratórios (cada um recebe um tipo de material: cerâmica, tecidos, minerais e metais)
Depois que está estabilizada e em boas condições, o objeto é guardado nos contêineres de armazenamento
Quando as buscas acabarem, o material encontrado será comparado aos registros do acervo e a pesquisas; ao final será feito um relatório de tudo que foi achado ou perdido