Osni Pompei, 77, morreu no dia 31 de março, menos de uma semana após ser diagnosticado com o coronavírus. Ele andava depressivo porque havia perdido a companheira de sua vida, Eva Pompei, 26 dias antes, por consequências de um infarto. No luto, recebeu incontáveis visitas de familiares e amigos que tentaram animá-lo para ver renascer o homem afável, sorridente e brincalhão que nunca foi visto em um dia de mau humor. Nem pelos filhos. Generoso, o corretor aposentado era famoso no bairro. Os amigos nunca se esquecem da ocasião em que ele foi ao dentista e ficou sabendo que o doutor estava precisando de um lugar parar morar com a família por alguns meses porque havia vendido seu apartamento, mas a nova residência não ficaria pronta a tempo. Pompei levou o dentista com a mulher e os filhos para morar na sua própria casa. Quem o conheceu sempre descreve algum convite para tomar um café na padaria, onde ele gostava de contar histórias de seu cotidiano com Eva e o cachorro Titi, a quem ele se referia como um ser humano. Quando voltou da cerimônia de cremação da mulher, Pompei abraçou o animal no colo e disse: "Titi, estamos órfãos".