"Não pensávamos muito", diz Ed Simmons, sobreo início do The Chemical Brothers
POR ALEX KIDD

 

 

 

O The Chemical Brothers descobriu sua fórmula secreta nos clubes de Manchester. No meio dos anos 1990, a regra era amar rock, música dance e hip-hop ao mesmo tempo. Em 1995, os britânicos Ed Simons e Tom Rowland lançavam “Exist Planet Dust”, disco que traduzia perfeitamente esse sentimento. Vinte anos depois e com quatro Grammys na estante, a dupla não pensa em parar. Após o experimental “Further” (2010), em 2015 eles convidaram Beck e Q-Tip para participar de “Born in the Echoes”, álbum que acena um retorno às pistas de dança.No sábado (28), as novas canções serão mixadas com antigos hits no Sónar São Pa No sábado (28), as novas canções serão mixadas com antigos hits no Sónar São Paulo, festival de música eletrônica. É a quarta vez que a dupla se apresenta no Brasil.Mergulhado em estudos acadêmicos (prefere não revelar quais), o irmão de óculos será substituído por Adam Smith no Brasil. Simons, 45, falou por telefone à Folha sobre o legado do duo e a criação de “Born in the Echoes”.

 

 

 

Qual a grande diferença do Chemical Brothers de 1995 com o de 2015, que tocará nesta semana no Brasil?Éramos mais jovens e confiantes. Não pensávamos muito se as coisas iam dar certo. Gravamos o primeiro disco em duas semanas, então tínhamos aquela rapidez, estávamos inspirados. Agora, talvez haja mais deliberação, e o lance é encontrar a mesma espontaneidade de antes. Mas, mesmo que haja diferenças, ainda existe o calor e a estética da nossa música. Vocês disseram em entrevistas que, com o disco “Born in the Echoes”, queriam trazer de volta o groove do James Brown. A música eletrônica ficou previsível?Um pouco. Existe um tipo de “dance music feita pelos números” que, quando você escuta, consegue adivinhar o andamento da faixa. Por exemplo, numa canção dançante do James Brown, o baterista toca bem marcado, mas ainda há um certo relaxamento, um aspecto cru. No nosso som tentamos misturar o espírito humano que existe dentro das máquinas com a loucura da música ao vivo.

 

 

 

O disco conta com participações de vários artistas jovens.Pessoas de quem somos fãs. Adoramos o jeito que a voz do [rapper] Q-Tip, que aparece em “Go”, flutua na nossa música. A voz da Cate Le Bon, que participa da faixa título, nos capturou. Gostamos de trabalhar com gente nova, para nos mantermos interessados. Buscamos vozes que se conectem com a gente. Como é a dinâmica entre você e o Tom Rowland?Mutante. Somos amigos desde os 18 anos... é muito tempo! Tem horas que a gente não se suporta. Existe uma tensão criativa entre a gente. Eu acho que os oito discos que lançamos provam isso. Mas não é sempre fácil. Nunca é fácil ser um irmão. 

 

 

 

Após tantos anos de carreira, que conselhos daria para quem está começando?Não pensar demais, acreditar no seu som e ser autêntico. As coisas se tornam desinteressantes quando as pessoas procuram moldar o seu som tentando adivinhar o que os outros vão gostar. Em que lugar colocaria o Chemical Brothers na história da música eletrônica?Os DJs, o público dos clubes e das raves estão sempre famintos por novos sons. Quando começamos a lançar discos no início dos anos 1990, nossa música exalava novidade, então foi uma época bem excitante. Começamos com os BPMs mais lentos, combinando a acid house com batidas de hip hop e fizemos um bocado de canções poderosas. Quando tocamos faixas como “Block Rockin’ Beats”, “Star Guitar” ou “Setting Sun” ao vivo, é ótimo observar na plateia que a música faz as pessoas lembrarem de uma época importante que aconteceu na vida delas.