O baralhamento entre público e privado tem formulação exemplar neste ensaio. As formas particularistas de orientação das condutas tenderiam a permanecer como tensões e conflitos rivalizando com as instituições e práticas sociais democráticas. Sua grande contribuição, porém, é a discussão sobre 'cordialidade' como extensão da 'cultura da personalidade dos ibéricos' - noções que expressam tanto como a desigualdade social estaria enraizada na própria concepção de humano e de indivíduo, quanto os limites da ação coletiva no Brasil.

Estudo original e corajoso ao tomar as relações entre os homens livres como definidoras da dinâmica social, e não as relações entre as chamadas classes fundamentais – senhores e escravos. Mostra como a 'dominação pessoal' se constitui num princípio geral de coordenação social em diferentes níveis complementares: nas relações dos homens livres pobres entre si, como técnica de dominação política nas relações com os fazendeiros, ordenando institucionalmente o Estado baralhando público e privado, e atravessando os circuitos do capital produtivo, comercial e financeiro do café.