Romancista e contista, é autor de "O Filho Eterno" e “A Máquina de Caminhar”
As indicações deCristovão Tezza
5º
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Machado de Assis
16 indicações
Talvez o maior momento da prosa brasileira, essas 'memórias' de um morto sintetizam pela refinada percepção ficcional do seu tempo toda a gama de ocultações, ambiguidades e contradições que faz o Brasil ser o que é, refletido na vida cotidiana da cultura dominante. A par disso, consolida uma linguagem literária urbana cuja ironia sem esperança antecipa formas modernas na representação do atraso permanente, outra marca dicotômica do país. Brás Cubas é um arquétipo brasileiro.
Nesses dois momentos literários do nosso século 20, um rural ('Vidas Secas'), outro urbano ('A Hora da Estrela'), o brasileiro e a brasileira se deixam ver através do esmagamento social de origem até o limite grotesco da idiotia ou mesmo animalesco, no puro faro da sobrevivência. Vive-se através de um corpo instintivo que, nos limites de uma pré-cultura fragmentária incapaz de se formalizar em algum todo compreensível ou simplesmente acolhedor, reage e se defende a golpes desesperados de acaso em busca de uma representação digna de si mesmo.
Nesses dois momentos literários do nosso século 20, um rural ('Vidas Secas'), outro urbano ('A Hora da Estrela'), o brasileiro e a brasileira se deixam ver através do esmagamento social de origem até o limite grotesco da idiotia ou mesmo animalesco, no puro faro da sobrevivência. Vive-se através de um corpo instintivo que, nos limites de uma pré-cultura fragmentária incapaz de se formalizar em algum todo compreensível ou simplesmente acolhedor, reage e se defende a golpes desesperados de acaso em busca de uma representação digna de si mesmo.
Uma seleção de poemas de Drummond quem sabe fosse o livro adequado aqui, mas escolho 'Claro Enigma' como referência, por conter 'A Máquina do Mundo', que considero o maior poema brasileiro. Sua pedra de toque é a aporia intransponível de conciliar a concreta e autossatisfeita pequenês brasileira com o inescapável sopro universalista da condição humana. Na obra de Drummond, o escudo cultural brasileiro dos sentimentos e das emoções, o seu álibi afetivo, é submetido à lâmina de uma razão que desde o princípio se sabe perdida.
O comentário de Cristovão Tezza referente aos livros "Vidas Secas" e "A Hora da Estrela" trazia um trecho sobre o livro "S. Bernardo" que não era de sua autoria. O texto foi corrigido e o trecho citado, retirado.