A maestria inequívoca de Rosa na articulação e na exploração da língua portuguesa, com a reconhecida criação de neologismos que concretizam uma visão prismática daquilo que constituiria certa identidade brasileira. O livro também se destaca pela belíssima fusão entre personagens e território: a aridez do sertão e a transmutação desta paisagem na emotividade cambiante dos personagens.

Tese que discorre sobre a formação da sociedade brasileira e a conduz às bases democráticas, o livro é um ícone da independência das heranças coloniais. Escolha inescapável dada a influência que a obra exerce sobre gerações de historiadores, sociólogos e demais pesquisadores das matrizes identitárias que conformaram aspectos da nação brasileira. Suas ideias para a leitura da articulação política e social que emergiam na jovem república são inequívocas. Como lembra Antonio Candido, no prefácio à obra, 'num tempo ainda banhado de indisfarçável saudosismo patriarcalista, Sérgio Buarque de Holanda sugeria que, do ponto de vista metodológico, o conhecimento do passado deve estar vinculado aos problemas do presente'.

Esta obra de Gilberto Freyre marcou muito algumas interpretações da formação histórica da sociedade brasileira. É uma análise de como se deram as relações entre os grandes proprietários de terra e os demais segmentos sociais: empregados, escravos, agregados. É uma análise que apresenta, a seu modo, a questão racial na perspectiva da miscigenação racial, sendo a sociedade brasileira a mistura de índios, negros e brancos. Podemos hoje sermos críticos às teses de miscigenação de Freyre, mas na época elas representaram um avanço em relação às teorias eugenistas nos anos 1920 e 1930. Também introduz temas que, para nós, são muito contemporâneos, como alimentação, sexualidade e aspectos da arquitetura da propriedade colonial.

O complexo romance de Machado traz personagens vistos pela ótica de quem já faleceu, a personagem título do livro. 'Negrinho Prudêncio' era um tipo de bicho de estimação de Brás que vai ganhar sua alforria ao longo do livro e Brás, como família abastada, mas de burguesia recente, segue os estudos de advocacia em Coimbra e depois volta ao Brasil.

No ano em que se comemoram os 200 anos da independência política do país e os 100 anos da realização da Semana de Arte Moderna de 1922, como não relembrar a sagacidade de Mário de Andrade, que fabulou, em uma de suas obras mais deliciosas, difíceis e controversas, a ideia de um heroísmo sem caráter como ícone da alma brasilis? A apropriação da cosmologia indígena na figura da divindade Makunaimã, (habitante do Monte Roraima) vem sendo debatida e resgatada nas vozes de lideranças indígenas contemporâneas - o que torna Macunaíma obra incontornável para ser lida até hoje.

Essa obra de Graciliano Ramos aborda problemas cruciais do país, questões que são do passado e do presente da sociedade brasileira. Pela saga de uma família de retirantes nordestinos, que fogem da seca que assolava a região, o autor retratou problemas cruciais, como a fome, as desigualdades sociais e as injustiças históricas de nossa sociedade. Um retrato cruel, que até hoje pertence a várias famílias brasileiras que vagam por esse país na luta pela sobrevivência e por melhores condições de vida. 'Vidas Secas' pode ainda ser interpretado pela perspectiva da relação do homem com a natureza, pela interferência no meio ambiente que transformou a vida de diversas famílias nordestinas. O livro fez um enorme sucesso de público e de crítica. Influenciou gerações de escritores, não só pelo seu retrato socioeconômico, mas pela linguagem elaborada pelo escritor, que criou uma narrativa seca, com poucas palavras, tão árida quanto os caminhos percorridos pela família de retirantes.

Um clássico do pensamento social do Brasil, o autor fala da transição do Brasil colonial ao Brasil República e como ele vem se desenvolvendo e porque o Brasil continuou sendo, e continua até hoje, um país de exportação de matérias primárias.

Uma das principais obras do intelectual e professor Antonio Candido. Foi por ele mesmo definido como a 'história dos brasileiros no seu desejo de ter uma literatura'.

Num sertão baiano árido com uma escravidão clandestina, a vida de Bibiana e Belonísia são interdependentes e tecidas com a denúncia da violência na vida do campo no Brasil.

Muito é inescapável à poesia de Drummond. Seu livro de 1940 faz crescer uma vontade existencialista de fazer parte de mudanças expressivas no mundo.