Narra, ao estilo da autora, a pequena e vasta história da alagoana Macabéa e a vida de migrantes do Nordeste no Rio de Janeiro. Por meio de um narrador marcado pela sua classe social, Clarice faz da literatura um espaço de reflexão poética e crítica sobre os que viviam no limite da pobreza urbana nos anos de 1970. Fruto de observações da autora sobre os migrantes da cidade, a vida da mulher que 'não faz falta a ninguém', só comia cachorro-quente e 'era capim' pode ser lida como a tragédia popular de uma época, em sua visada pessimista, quanto a ideia otimista de um futuro.

Apesar de ser originalmente um disco lançado pelos Racionais MC’s em 1997, 'Sobrevivendo no Inferno' se torna livro em 2018, fazendo com que as 12 letras de Mano Brown, Ice Blue e Ed Rock possam ser lidas como um dos acontecimentos poéticos mais poderosos nas ultimas décadas. São versos contundentes e inovadores sobre racismo, crime, morte, vida e salvação, em que lemos os corpos e as vozes do 'efeito colateral que o seu sistema fez'. Falando de dentro do inferno a língua das periferias do país, sua força política o transformou em livro referência de vestibulares.

Diário de Bitita' foi publicado como obra póstuma de Carolina Maria de Jesus. Após o sucesso de 'Quarto de Despejo' (1960), a escritora seguiu produzindo literatura em diferentes formatos. No livro publicado em 1986, no Brasil, a autora faz um relato preciso e precioso de sua infância em Sacramento, município de Minas em que nasceu. Sua trajetória até ir para São Paulo revela detalhes do imaginário racial brasileiro nas primeiras décadas após a abolição, mostrando ao mesmo tempo a violência e a diversidade no cotidiano de um país em transformação radical de seu perfil populacional e social.