Descrição de chapéu Independência, 200

200 anos, 200 livros

Conheça 200 importantes livros para entender o Brasil, um levantamento com obras indicadas por 169 intelectuais da língua portuguesa

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Glória Kalil

Jornalista, empresária e consultora de moda

As indicações de Glória Kalil

Foi meu primeiro contato com a miséria real do país. Um cotidiano de fome, de desesperança, de abandono, de falta de perspectiva. Esse livro, como se sabe, é de 1938. Pouca coisa foi feita desde então para essa população de miseráveis que o país continua a produzir e ignorar.

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10º

Sem conhecimento dos fatos, sem boas interpretações, nenhum cidadão, em lugar nenhum, conhece seu país. O nosso --pelo tamanho, pela complexidade, pela diversidade-- seria ainda seria mais difícil de entender caso não tivéssemos à mão esse retrato falado, estudado, desvendado do Brasil. Essa História. Essa biografia.

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33º

Três volumes enormes, mas fascinantes, que focalizam a trajetória de Getúlio Vargas desde suas origens em São Borja, no Rio Grande do Sul, até o suicídio no Rio de Janeiro, em 1950. Desvenda um Brasil primitivo, selvagem, do começo do século 20, e o desenvolvimento da política pantanosa praticada sem escrúpulos por seus representantes e pelos militares, tanto do estado gaúcho como os de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. A pesquisa do livro é um prodígio de minúcias que leva o leitor a participar do dia a dia dos brasileiros da época, além de fazê-lo entender o comportamento político ainda e sempre pantanoso que continua a nos acompanhar.

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95º

Contemplados o nordeste, o sul, o sudeste, ficou faltando a Bahia, estado único e diferente de todos os outros. Ela não tem o mesmo tipo de humor do carioca, não tem o mesmo clima do nordeste e nada de parecido com o andamento dos estados do sul. A Bahia é um território à parte: o clima é macio, o ritmo é mais lento, a religiosidade é presente, assim como a música, o mar, a dança e Jorge Amado. De todos os seus livros, para mim, 'Dona Flor' é o mais baiano e o mais brasileiro. Todas as mulheres, e todos os homens do país, se reconhecem na safadeza suave da personagem central.

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95º

E o Rio? O Rio não é para ser lido. É para ser visto. Ou ouvido. Recomendo os três volumes do Songbook Tom Jobim, de Almir Chediak, o máximo da síntese que o Brasil pode ter. Não à toa o homem se chama Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim

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Indicações fora da lista

Impossível a um brasileiro que queira de fato entender o lugar onde nasceu se não souber o que é e como se formou o mais desenvolvido e mais rico estado do país. São Paulo é essa potência econômica e cultural que, no entanto, às vezes se presenta com uma humildade inesperada, um tanto caipira, um comportamento quase que envergonhado diante de suas qualidades e de sua força. Paulistas não exibem seu paulistismo, ao contrário de cariocas, baianos e, até mesmo, mineiros com sua mineirice. Como diz Pompeu de Toledo na abertura do primeiro volume de A Capital da Solidão, ao apontar duas músicas consideradas pelos paulistanos as que mais os representavam, 'Trem das Onze' e 'Sampa': 'Nenhuma delas exaltava a cidade...São Paulo não provoca admiração, provoca pasmo'. Ou orgulho, como no meu caso.

Quer conhecer um povo, uma cidade, um país? Vá a seus mercados, dizem. Concordo. Por três anos, o jornalista Carlos Alberto Fernandes, o Caloca, viajou pelo país de alto a baixo entrando em todas as cozinhas das casas, dos restaurantes, todos os botequins, testando pratos, descobrindo temperos e provando sabores desconhecidos para ver o que forra, alegra e alimenta o povo brasileiro. As origens da nossa alimentação, a diversidade, a riqueza do país está toda lá em histórias e receitas para nosso conhecimento e proveito.