Uma saga decisiva para ajudar a entender o contexto violento, as relações intercontinentais e regionais, e os efeitos do esclavagismo na história do Brasil. Com este romance, Ana Maria Gonçalves fornece um material riquíssimo sobre a formação da sociedade brasileira; as lasses, os movimentos que essas classes produzem, a cultura que têm gerado num país ainda incapaz de se libertar desse passado de dor e do mais variado estupro.

O português Ferreira de Castro levou para este que é o seu romance mais celebrado a sua experiência pessoal na Amazônia. Curioso ter esse olhar de fora, estrangeiro, sobre a exploração da floresta. Um tema que se mantém mais urgente do que nunca, a outro nível. Já não do seringal, mas de total exploração de uma riqueza que parece sem fim e que, talvez por parecer sem fim, continua a ser tão mal tratada.

Da capital do Amazonas, Manaus, o escritor Milton Hatoum cria um fresco sobre a emigração num período de grande riqueza. Assistimos à ascensão e ao princípio de declínio de um império a partir da relação de dois irmãos desavindos, espécie de Abel e Caim, história bíblica com a dimensão de um épico. Esta narrativa é essencial para iluminar o papel da emigração na construção do Brasil

Um dos mais brilhantes romances brasileiros traça, a partir de um drama familiar, um modo de vida no Brasil rural do século 20. A intimidade, a devassa, o pecado mortal, são tratados num conflito de visões de mundo, o arcaico e o urbano numa altura em que o Brasil está também a passar por conflito semelhante. Uma obra central do século 20 brasileiro.

Num dos grandes romances da literatura brasileira, Cornélio Penna dá o ambiente das grades fazendas de café do norte do Brasil. Um retrato pungente e cheio de detalhes do quotidiano, onde a memória joga um papel fundamental. Aqui cruzam-se a religiosidade, o interdito, a autoridade, o mistério para um retrato da intimidade de uma família, e, ao mesmo tempo, para um panorama sobre o Brasil rural que alimentava o país.

Num texto entre a prosa poética, a filosofia, o ensaio e a narrativa, Teixeira Coelho desenvolve um pensamento rico sobre o que ela considera ser natureza da ditadura no Brasil, uma ditadura permanente que se vai manifestando com maior ou menor intensidade dependendo dos momentos da história ou dos elementos territoriais. É também uma crônica sobre cumplicidades perigosas geradoras de violência, exclusão, subserviência, sobre a gênese e a manifestação de muitas feridas do Brasil.