O livro registra as impressões da vida, do mundo e da realidade da escritora Carolina Maria de Jesus, mulher negra, moradora da favela do Canindé e catadora de papel, atividade que desenvolvia nas ruas da cidade de São Paulo para sustentar a si e aos filhos. Na sua síntese, podemos conhecer e se apaixonar pela leitura, interpretação e apreensão da realidade, das cruezas e belezas da vida e do mundo a partir desse lugar único. E, sobretudo, podemos conhecer, por um lado, sua resiliência e as agruras que enfrentou, como o desânimo e a fome; e por outro, a esperança de que conseguiria mudar o mundo de penúria em que vivia.

Faz um percurso profundo, extenso, amplo e inédito sobre os bastidores, atores, coadjuvantes e vítimas do processo da escravidão dos negros no Brasil, e consegue, com muita propriedade e extrema consistência e competência, explicar, comprovar, desvendar e desvelar todas as teias que se juntaram para construir e manter essa cruel e desumana, esse engenho politico e econômico com apoio e defesa por parte do estado, da religião, da ciência, da moral e da ética iluminista que defendia e propagava a inderrogabilidade e inegociabilidade da vida e da liberdade dos indivíduos.