Grande Sertão: Veredas
Guimarães Rosa
20 indicações
Conheça 200 importantes livros para entender o Brasil, um levantamento com obras indicadas por 169 intelectuais da língua portuguesa
Livia Baião
Doutora em literatura, é idealizadora do museu virtual Rio Memórias
As indicações de Livia Baião
Grande Sertão: Veredas
Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas' nos mostra um Brasil que está sempre no limiar do desaparecimento, os restos de um sertão habitado por um povo miserável, sem lei e sem Estado para garantir seus direitos. São os vencidos, miseráveis, 'catrumanos', cegos e loucos, enfim, uma 'turba de gente' sobre a qual se pretendeu erguer os edifícios da modernidade, nunca acabados, sempre em construção. Nele Riobaldo fala do tempo de jagunço que tinha mesmo de acabar e emenda: 'cidade acaba com o sertão. Acaba?'. Mas o tempo jagunço não acabou e a cidade não acabou com o sertão.
Ir para página do livro chevron_rightBrasil: uma Biografia
Lilia Schwarcz; Heloisa Starling
O que faz do Brasil, Brasil? Essa pergunta é respondida ao longo das 500 páginas que narram os 500 anos do ilustre biografado chamado Brasil. À medida que se acumulam as páginas e os anos, surge, aos poucos, o retrato de um país que, assim como outro famoso biografado –'Orlando' (Virginia Woolf)– atravessa os séculos com o mesmo frescor da juventude e da imaturidade. No caso do Brasil, uma imaturidade que resulta em uma construção falhada de cidadania, um país que se recusa a entender a diferença entre o público e o privado e que aguarda eternamente que 'um elemento mágico e imprevisto caia dos céus' para resolver a partida de futebol, 'metáfora maior da nacionalidade brasileira'. E assim vamos perdendo de 7 a 1 de quem planeja.
Ir para página do livro chevron_rightEscravidão (volumes 1 e 2)
Laurentino Gomes
É impossível compreender o Brasil – um país construído por escravizados e que tem a segunda maior população preta do mundo – sem entender como se estruturou o sistema escravocrata que sustentou a economia brasileira por 300 anos, perpassando todos os ciclos econômicos, do açúcar ao café. É nele que está ancorada a desigualdade social que marca toda a nossa história e que Laurentino Gomes disseca com base em uma extensa pesquisa. Navegando entre os dois lados do Atlântico, passamos a compreender um pouco mais sobre esse 'tráfico de viventes' que trouxe 5 milhões de africanos para o Brasil e que levou a exploração do ser humano ao seu mais elevado grau. E é ele que ajuda a revelar alguns dos motivos pelos quais, até hoje, um segurança se sente no direito de sufocar um cliente negro na porta de entrada de um supermercado.
Ir para página do livro chevron_rightTorto Arado
Itamar Vieira Jr.
Temas que atravessam outros clássicos da literatura nacional, a exploração e a violência no campo são retratadas em 'Torto Arado' na voz de duas mulheres negras e uma entidade do jarê, religião que mistura umbanda, candomblé, catolicismo, xamanismo e espiritismo. A escolhas dessas vozes narrativas, uma delas literalmente silenciada porque tem a língua cortada por uma faca, já é motivo suficiente para justificar a relevância da indicação deste livro para se entender o Brasil: um país que pulsa silenciado, atravessado por uma faca só lâmina, que se fere contra seus próprios ossos.
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