Trata-se de uma obra fundamental para a compreensão de vários aspectos relativos ao tráfico de escravizados entre a Bahia e o Golfo do Benin. A obra combina métodos rigorosos de investigação que perpassam diversas áreas, dentre elas, a história, a antropologia, a sociologia e etnografia. A partir de um percurso teórico transversal, as análises do autor desvelam, de maneira contundente, os inúmeros laços que permeiam as relações históricas, econômicas, políticas e culturais entre o Brasil e o continente africano.

Trata-se de uma obra singular, cuja organização antecedeu outras obras que tomaram a vivência artística de pessoas negras como um dos termômetros da complexa rede étnica, política e estética a que chamamos de sociedade brasileira. A partir da coleta e exposição de peças artísticas, da periodização histórica e da análise biobibliográfica dos inúmeros e inúmeras artistas afrodescendentes, a obra demonstra o quanto a presença negra na cultura brasileira se estende para além do fenômeno da chamada 'contribuição cultural'. De fato, essa presença negra, ao lado de outros grupos étnico-culturais, se apresenta como fundamental para a tessitura da pluralidade artístico-cultural do Brasil.