Nabuco apresenta o caráter estruturante do escravismo brasileiro, na conhecida expressão 'obra da escravidão'. Analisa os expedientes de descumprimento das leis que trataram da proibição do tráfico e da extinção da escravidão, feitas 'sem amor', a revelar sucessivas derrotas do direito, senão na aprovação, na efetivação. Como na Guerra do Paraguai, em que o comando brasileiro é comparado a um 'chefe de salteadores', por não cumprir a obrigação de abolir a escravidão imposta aos derrotados.

O livro traz uma visão contemporânea do racismo no Brasil, com a importante contribuição de apresentá-lo não como um aspecto periférico ou anormal numa sociedade, mas como elemento que a estrutura. Só é possível entender a permanência da desigualdade e da violência na sociedade brasileira se admitirmos a existência do racismo e seu papel, entranhado na política, na economia e no direito.