O livro de estreia da escritora Carolina Maria de Jesus, impactante desde a sua publicação. Ao narrar seu cotidiano com seus três filhos e de seus pares, na favela do Canindé, na forma de notas diárias, ela apresenta um lado de São Paulo que era o avesso do progresso comemorado em 1954 no quarto centenário da cidade. Fome, pobreza, discriminação, racismo e violências variadas são protagonistas do livro. Mas também o lirismo e a fabulação de Carolina sobre a vida e a beleza que encontram nas coisas do cotidiano, narradas com extrema sensibilidade.

Estudo influente sobre o exercício da cidadania controlada no Brasil, por meio da história do voto, das origens da justiça eleitoral, o poder de estruturas conservadoras como o 'coronelismo' e o seu enraizamento na vida dos municípios brasileiros, base do pacto federativo e da República. Organiza o debate e uma linhagem de autores como Maria Isaura Pereira de Queiroz e José Murilo de Carvalho, entre outros, que se dedicarão à história e sociologia política do Brasil, permanecendo atual em nossos dias.

Um estudo amplo de análise histórica e sociológica sobre as condições da população negra no momento do fim da escravidão e, com maior intensidade, no período da liberdade formal, da cidadania e luta por direitos, denunciando o mito da democracia racial e a existência do racismo. A análise se foca em São Paulo e dá grande destaque ao protagonismo negro, em particular das associações e movimentos sociais negros do fim do século 19 até meados do século 20.

Os dois volumes das memórias da prisão política de Graciliano Ramos, na ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, são um testemunho literário dos anos ditatoriais das décadas de 1930 e 1940, da perseguição política expressa nas 'delegacias de polícia política e ordem social', bem como de uma outra face (e sua componente) da figura modernizadora e contraditória dos anos Vargas. Além disso tudo, é belíssimo na construção literária e de emoção raciocinada pelo já então consagrado escritor Graciliano Ramos.

Romance de estreia do escritor. Vigoroso na narrativa de um Brasil contemporâneo, ambientado entre o final dos anos 1960 e meados dos anos 1980, tendo os protagonistas cidadãos negros, migrantes, favelados na cidade do Rio de Janeiro, mantendo múltiplos contatos e experiências com a cidade, a violência e exploração policial, a escalada do tráfico de drogas e a corrupção. Influente no debate contemporâneo sobre o Brasil, alcançando enorme sucesso também em suas traduções e no cinema.

Estudo histórico e sociológico sobre o protagonismo dos escravizados na luta pela liberdade, organizando insurreições, formas de combate semelhantes a guerrilhas e quilombos, resistindo à escravidão colonial. Influente na maneira de discutir o papel ativos dos africanos escravizados e dos negros no Brasil na luta por seus direitos.

Romance de estreia do autor paulistano. Narrando um triângulo amoroso ambientado na periferia de São Paulo, o autor coloca a periferia urbana e seus personagens como destaque, iniciando na década o importante debate sobre a literatura marginal, literatura periférica, os saraus. Ferréz foi um dos principais articuladores desse movimento, acionando seus cânones como João Antônio, Carolina Maria de Jesus, Paulo Lins e trazendo à cena figuras como Sérgio Vaz, Allan da Rosa, Alessandro Buzo, Elizandra Souza, Dinha entre vários outros autores e autoras dos nossos dias.

O segundo livro a ganhar um Prêmio Jabuti na categoria de Memórias - o primeiro foi Fernando Gabeira, no ano anterior com 'O Que É Isso, Companheiro?' - e que foi publicado na esteira de outros romances, relatos, testemunhos de escritores retornados do exílio ou saídos das prisões políticas como Renato Tapajós, Reinaldo Guarany, Gabeira, entre outros. O livro de Syrkis narra, como romance de aventuras, as (suas) memórias de um garoto que aos 16 anos resolve entrar para a luta armada, participa de organizações clandestinas, sequestros, vive suas contradições até sair do país e ir ao exílio, retornando uma década depois. Enorme sucesso na época, colocou em debate a luta armada e seus sentidos contra o poder ditatorial.