Descrição de chapéu Independência, 200

200 anos, 200 livros

Conheça 200 importantes livros para entender o Brasil, um levantamento com obras indicadas por 169 intelectuais da língua portuguesa

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Mauro Munhoz

Arquiteto, é diretor da Associação Casa Azul, entidade que organiza a Flip

As indicações de Mauro Munhoz

O livro é comumente colocado na prateleira das criações regionalistas. Não acredito que seja o caso. A grandeza do romance resulta menos do elemento de curiosidade que os causos do mundo do interior poderiam suscitar e mais do fato de que, a partir do sertão brasileiro, Rosa fala de questões universais, inserindo o Brasil no mundo e o mundo no Brasil. A própria linguagem do livro não é mera documentação de falares típicos, mas uma estetização que se torna única, artística e, por isso, universal. Para lembrar Antonio Candido: 'O mundo de Guimarães Rosa não é Minas, é o mundo'.

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95º

Registro das viagens que Mário de Andrade fez ao norte e ao nordeste do Brasil, entre 1928 e 1929, 'Turista Aprendiz' é um mergulho no território brasileiro sob a ótica dos modernistas de 1922. As viagens que ensejaram o livro servem de documento de um Brasil passado, mas não só: apontam para um país possível, em construção. Não à toa, o livro é fonte de inspiração rotineiramente para projetos como os da fotógrafa Maureen Bissiliant e do grupo A Barca. Por fim, 'Turista Aprendiz' resume a personalidade de um dos principais intelectuais brasileiros e suas amplas preocupações: literatura, poesia, música, etnografia, folclore, arquitetura, artes plásticas, fotografia, crítica literária, políticas culturais, etc.

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Indicações fora da lista

Conceição Evaristo costuma dizer em entrevistas que não nasceu rodeada de livros, mas de histórias. Antonio Candido, ao escrever este ensaio, hoje editado no livro 'Vários Escritos', da editora Ouro Sobre Azul, fala exatamente sobre o que nos diz a escritora. Primeiro, a fabulação é uma necessidade universal. Segundo, não há desníveis entre literaturas. Terceiro, em um mundo ideal todos os tipos de literatura seriam acessíveis a todos os grupos sociais. Por isso, em um país como o Brasil, de infinita riqueza oral, este texto de Candido é fundamental para qualquer discussão sociopolítica.