Vencido o estranhamento das primeiras páginas, causado pela sintaxe inusual e pelos neologismos, o leitor mergulha num universo muito particular de Guimarães, de onde sai recompensado pelo esforço. É um autor inimitável, qualquer tentativa de emulação viraria pastiche.

O autor captou uma das mais típicas características do brasileiro, a do 'homem cordial', aquele ser individualista que desobedece às regras sociais em proveito próprio e é afeito ao compadrio, ou seja, o oposto do perfil do cidadão republicano. O passar dos anos mostra que o livro é cada vez mais atual, infelizmente. Obra ensaística, poderia ser lida apenas pelo prazer literário que propicia.

É o retrato mais original do Brasil dos tempos do imperador. A obra representa um corte entre a produção anterior, esteticamente mais bem comportada, e os últimos livros, os da maturidade artística. Entre ironias finas, Machado destila uma crítica que denuncia as desigualdades sociais das estruturas de uma sociedade escravista.