Habitat

um podcast sobre extinção e o que a gente tem a ver com isso

episódios da série

Crise climática pinta de branco explosão de cores dos corais

Habitat mergulha no Parque de Abrolhos e mostra como a vida em terra firme ameaça os oceanos

Caravelas (BA)No dia a dia, é fácil esquecer que todos os rios vão terminar, de uma forma ou de outra, desaguando no mar. Que o que acontece às margens dos cursos de água que cortam o país influencia a vida no oceano. E que o oceano é essencial para a vida do ser humano. Mas isso fica muito evidente no caminho até Caravelas, no extremo sul da Bahia.

Partimos de São Paulo e, em Belo Horizonte, pegamos um avião bimotor que parecia de brinquedo para o voo de duas horas até a cidade mais próxima. Do alto, acompanhamos o curso do rio Doce até ele desembocar no Atlântico.

A água dele é barrenta. Em 2015, o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) matou 19 pessoas e despejou mais de 10 milhões de toneladas de rejeitos de minério de ferro no rio. A lama chegou até o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, que era o nosso destino final.

O banco de corais dos Abrolhos tem quase 9 mil quilômetros quadrados de extensão. A grande estrela por lá é o coral-cérebro-da-Bahia. A espécie é endêmica e está vulnerável à extinção, de acordo com a IUCN (União Internacional Para a Conservação da Natureza).

Para conhecer o coral-cérebro, foi preciso aprender a respirar debaixo d'água. Quem nos ensinou foi o instrutor de mergulho Dilson Cajueiro Filho, que todo mundo conhece como Za. Ele já foi pescador, mas hoje tem uma empresa de turismo ambiental e científico.

O baiano nos acompanhou em uma viagem de dois dias a bordo de um barco. Além de nos guiar em meio aos cardumes e jardins de algas, ele também orientava o capitão durante a navegação ao redor dos chapeirões —colunas que só existem em Abrolhos e foram construídas nos últimos 8.000 anos por corais, algas e outros invertebrados.

O parque também tem ilhas que são ninho de centenas de aves marinhas. Os pássaros fazem um estardalhaço no final de tarde.

Fora da água, o arquipélago parece estar cercado apenas por uma imensidão azul. Mas é só cair na água para conhecer um mundo submerso com sons e ritmos próprios. A pesca e a exploração são proibidas. Por isso, os bichos não têm o que temer e vão tocando a própria vida sem dar muita bola para mergulhadores como nós.

As águas límpidas ao redor da Siriba, uma das ilhas dentro do parque, permitem ver não só o tom amarelado do coral-cérebro, mas também as cores de outras espécies, como o alaranjado vibrante do coral-fogo. É possível ainda enxergar detalhes, como as cicatrizes do branqueamento dos corais. O fenômeno é causado por mares quentes demais e é agravado pela crise climática.

Além das mudanças no clima, os ambientes marinhos também são ameaçados por outros problemas causados pelos humanos, como a pesca descontrolada e a poluição. E basta sair da área protegida para ver os efeitos disso —como a água turva, que pode prejudicar os corais ao dificultar a chegada da luz.

Za, nosso instrutor, assiste a tudo isso de perto. Ele também trabalha como assistente de pesquisa no monitoramento dos corais, auxiliando o pesquisador Rodrigo Moura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

No terceiro episódio do Habitat, eles nos ajudam a ver o oceano de um jeito diferente e entender como ele sustenta a vida na Terra.

.galeria(https://galerias.folha.uol.com.br/galerias/1710464926341299-bastidores-do-terceiro-episodio-do-podcast-habitat.jsonp?callback=callback1710464926341299)

Pesquisa, roteiro e produçãoJéssica Maes e Natália Silva

Edição de textoMagê Flores e Maurício Meireles

Edição de somNatália Silva

MentoriaBia Guimarães

Edição de arteThea Severino e Kleber Bonjoan

Design e desenvolvimentoPilker, Thiago Almeida e Irapuan Campos

Coordernação de interativoRubens Fernando Alencar

Ilustrações e infografiaLuciano Veronezi

Versão impressaFernanda Giulietti e Maicon Silva

DivulgaçãoMateus Camillo e Rebeca Oliveira

ApoioInstituto Serrapilheira