PERGUNTAS E RESPOSTAS
Como dengue, chikungunya e zika são transmitidas?
Todas são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, mas há registros da transmissão do vírus da zika por via sexual, transfusão de sangue e de mãe para filho. Ainda faltam estudos para certificar que as partículas virais encontradas na saliva e no leite materno podem propagar a infecção.
Quais são os sintomas de zika, dengue e chikungunya?
Os sintomas da zika são febre leve, como numa gripe, dores nas articulações e musculares, olhos vermelhos, coceira e vermelhidão na pele, o rash cutâneo no linguajar médico. O quadro costuma ser, erroneamente, diagnosticado como dengue, caracterizada por febre alta (39° a 40°C) de início abrupto que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e prurido cutâneo. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Já o chikungunya provoca dores articulares intensas, afetando principalmente pés e mãos (geralmente tornozelos e pulsos).
Uma pessoa pode ter dengue e zika ao mesmo tempo? Ou dengue e chikungunya?
Sim, é possível.
Existe medicamento específico para combater ou prevenir as doenças transmitidas pelo Aedes?
Não. Por isso é importante procurar imediatamente um serviço de saúde e não tomar medicamentos por conta própria.
Como denunciar os focos do mosquito?
As ações de controle da dengue ocorrem principalmente na esfera municipal. Quando o foco do mosquito é detectado, e não pode ser eliminado pelos moradores de um determinado local, a Secretaria Municipal de Saúde deve ser acionada.
Quantas vezes por semana devo checar se há criadouros de aedes na minha casa?
Pelo menos uma vez por semana para interromper o ciclo de vida do mosquito. Do ovo à forma adulta, o ciclo de vida do aedes varia de acordo com a temperatura, disponibilidade de alimentos e quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro. Em condições ambientais favoráveis, após a eclosão do ovo, o desenvolvimento do mosquito até a forma adulta pode levar um período de 10 dias.
Quantos são os tipos de testes disponíveis para o diagnóstico do vírus da zika?
Existem duas maneiras de fazer o diagnóstico de infecção por zika. O PCR (o de biologia molecular) identifica o zika em fluidos (sangue, urina, saliva) até cinco dias depois do surgimento de sintomas. Já os testes de sorologia são capazes de mostrar se houve infecção anterior pelo vírus da zika por meio da presença de anticorpos produzidos pelo organismo na fase aguda da doença. Desde julho deste ano, por decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar, os testes são cobertos pelos planos de saúde.
O chikungunya também pode ser identificado em testes laboratoriais?
Sim. São três os tipos de testes capazes de detectar o chikungunya: sorologia, PCR em tempo real (RT‐PCR) e isolamento viral. Todas essas técnicas já são utilizadas no Brasil para o diagnóstico de outras doenças e estão disponíveis nos laboratórios de referência da rede pública.
Existem vacinas contra as doenças transmitidas pelo aedes?
Para a dengue, já há uma imunização aprovada no Brasil, da francesa Sanofi Pasteur, disponível na rede privada a um custo de aproximadamente R$ 300 a dose (são necessárias três) e na rede pública no Estado do Paraná (em 30 cidades com maior incidência). A vacina tem 66% de eficácia, taxa considerada baixa por especialistas. No entanto, a imunização evita 80% das hospitalizações.
Já no caso da zika, a mais avançada é a vacina dos NIH (Institutos Nacionais de Saúde, na sigla em inglês), feita em colaboração com o Instituto Butantan. Ela pode, inclusive, ser a primeira no mercado baseada em DNA –em vez de vírus atenuado ou inativado, como nas vacinas convencionais. Além dessa, o Butantan também planeja uma vacina contra o zika com vírus inativado, geralmente mais segura, voltada às grávidas. A francesa Sanofi e a Fiocruz também pretendem entrar no páreo.
O risco de microcefalia é igual em todo o país?
Não está claro. Na Colômbia, por exemplo, o surto de zika provocou poucos casos de microcefalia. Alguns cofatores podem explicar a situação. Um desses cofatores sob investigação é uma possível interação imunológica com a dengue. Em algumas regiões do nordeste, que concentra o maior número de casos, até 80% da população já foi infectada por pelo menos um dos quatro subtipos da doença, o que poderia dificultar a resposta do sistema imunológico do organismo. Por outro lado, uma hipótese similar propõe o efeito oposto para explicar por que africanos não foram afetados gravemente pela zika: como a população convive há milênios com as doenças transmitidas pelo mosquito, a população africana teria adquirido uma espécie de imunidade cruzada.
Quais são os cuidados básicos que toda gestante deve tomar?
Para evitar o Aedes, elimine criadouros, vista roupas compridas e meias, instale telas em portas e janelas e use repelente, sempre. Várias marcas podem ser usadas durante a gestação. O mais indicado é o que tem icaridina (Exposis), pois dura até 10 horas. Como o vírus da zika é transmitido por fluidos durante a relação sexual, é indicado o uso de camisinha.
Se a gestante contrair o zika, qual é o risco de o bebê ter microcefalia?
Ainda não se sabe qual o percentual de gestantes com zika que acabam por ter filhos com microcefalia, nem se já ter tido o zika antes de engravidar é um fator protetor. As pesquisas recentes mostram que a doença pode causar danos ao cérebro do bebê em qualquer fase da gravidez.
Que características aparecem no exame de ultrassom?
Há uma diminuição dos giros cerebrais, deixando o cérebro com aspecto liso. Calcificações também podem surgir.
Como o vírus afeta o cérebro do bebê?
O zika tem uma tendência natural a atacar células nervosas. Uma vez que ele atinge o feto, se o cérebro ainda estiver em formação, há risco de as células não se desenvolverem nem migrarem, fazendo com que o órgão e a cabeça fiquem pequenos. Estudo recente mostrou o risco de bebês que nasceram com perímetro cefálico normal desenvolverem microcefalia nos meses consecutivos. Por isso é importante que o acompanhamento com pediatra aconteça mensalmente. Na dúvida, procure um especialista da sua confiança.
Quando os casos de microcefalia explodiram no país?
Em setembro de 2015, quatro meses depois de o Ministério da Saúde se referir à zika como uma “febre benigna”, que neurologistas e obstetras de Pernambuco e da Paraíba começaram a perceber um aumento de casos de bebês com microcefalia e calcificações cerebrais, mas a associação com o zika não ainda estava estabelecida.
Fontes: Especial “Tudo sobre o mosquito", Fiocruz e Ministério da Saúde