“Deus abençoou que acabou o contrato e eles me mandaram embora” - Cotidiano - Folha de S.Paulo | Memórias do Feijão

“Deus abençoou que acabou o contrato e eles me mandaram embora”

5.jul.2019 às 20h41

A relação de Alcir com o Córrego do Feijão começa de maneira curiosa. Sua mãe, natural do Maranhão, foi internada no hospital de Brumadinho em estado grave. Recebendo a notícia, Alcir se muda para o Córrego do Feijão para estar perto dela. Entre o cuidar da mãe e buscar trabalho, ele conseguiu um emprego na Brasanitas, uma das empresas terceirizadas da Vale. Com o passar dos meses sua mãe melhora, volta para o Maranhão e ele decide permanecer em Brumadinho. Após um ano e meio prestando serviço para a empresa, o Grupo Brasanitas decide não renovar o contrato.

Cerca de quatro anos depois, Cláudio Pereira da Silva (43), que foi contratado para substituir o Alcir, morreu. O mesmo aconteceu com Levi Gonçalves da Silva (59), esposo da Conceição, que na época era parceiro de trabalho de Alcir. Perguntamos se ele trabalharia na Vale mesmo depois do acontecido e a resposta foi rápida e precisa: Trabalharia, claro. Mas diz que agora, toda vez que olhar para a lama, vai lembrar dos amigos que foram soterrados ali.