Os protestos que mudaram Hong Kong
Os protestos que mudaram Hong Kong
23.dez.2019 - 02h00
Um projeto de lei de extradição, que permitiria o envio de suspeitos de Hong Kong à China continental para serem julgados, foi o estopim da maior onda de protestos na ex-colônia britânica desde a devolução à Pequim, em 1997. O primeiro grande ato contra o projeto, em 9 de junho, reuniu milhares de pessoas.
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Em reação aos protestos, dizendo-se arrependida e reconhecendo erros de seu governo, a chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, adiou indefinidamente o projeto de lei que autorizaria as extradições. A proposta seria um exemplo de maior interferência da China em um território com liberdade de imprensa e jurídica garantida pela lei local.
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Mas o adiamento do projeto não fez os protestos cessarem, tão pouco conteu a ira dos manifestantes. No dia 1º de julho, data do 22º aniversário da devolução de Hong Kong dos britânicos para a China, ativistas invadiram e vandalizaram o Parlamento local. Houve sérios confrontos com a polícia, resultando em 13 oficiais e 54 civis feridos. A líder Carrie Lam condenou a invasão "extremamente violenta" e pediu que a população voltasse à calma.
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Os protestos então entraram em uma nova fase, tornando-se mais violentos. Em 11 de agosto, uma garota foi atingida no olho por uma bala supostamente disparada pela polícia. A imagem da menina deitada no chão com o olho direito sangrando viralizou, e ela se tornou um ícone facilmente reconhecível dos protestos. Para demonstrar solidariedade, ativistas passaram a usar gazes como tapa-olhos e a fazer gestos em solidariedade à garota.
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Diante de protestos cada vez mais agressivos, com confrontos diretos entre a polícia e os manifestantes, a chefe-executiva comunicou a retirada oficial do projeto de lei, no início de setembro. O cancelamento da proposta era uma das principais demandas do movimento. Mas as manifestações, mais uma vez, não cessaram, pois a pauta dos ativistas passou a incluir outras demandas pró-democracia, como uma reforma política que implantaria eleições diretas no território, a investigação de abusos por parte da polícia e a libertação de manifestantes presos.
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A violência não dá sinais de arrefecer. Em outubro, o
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Em meados de novembro, a polícia de Hong Kong cercou e invadiu a Universidade Politécnica (PolyU) durante a madrugada: 200 manifestantes estavam dentro do prédio. Os que tentavam deixar a instituição eram bloqueados pelas forças de segurança, que jogava bombas de gás lacrimogêneo. Mais de mil pessoas foram detidas, e a polícia apreendeu 4.296 coquetéis molotov e 622 armas. No mesmo dia, uma lei que proibia o uso de máscaras pelos manifestantes é derrubada pela Suprema Corte local.
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Em dezembro, o clima começa a arrefecer. Pela primeira vez desde agosto a Frente Civil dos Direitos Humanos responsável por manifestações que paralisaram o centro financeiro asiático obteve permissão das autoridades para organizar um protesto, que reuniu cerca de 800 mil pessoas, segundo a entidade. Ainda houve protestos-relâmpago em shoppings centers no dia 15, mas nada que se comparasse à violência dos meses anteriores.
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