episódios da série
Mudanças na Terra provocadas pelos humanos já causam uma perda de biodiversidade sem precedentes
São Paulo (SP)Na tarde de 18 de fevereiro deste ano, paramos para assistir a imagens produzidas a mais de 200 milhões de quilômetros de distância. A Nasa (Agência Espacial Norte Americana) transmitiu ao vivo o pouso em Marte da sonda Perseverance, enviada para procurar vestígios de vida passada.
Como não há garantia de sucesso para a missão que vai recolher amostras, a nave tem um pequeno laboratório para fazer análises lá mesmo. Até a publicação deste texto, não se tem notícia de qualquer fóssil alienígena no planeta vizinho e continuamos sozinhos no Universo.
Para a cientista-chefe do departamento de ciências planetárias do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, a brasileira Rosaly Lopes, a exploração espacial é importante não só pela construção do conhecimento científico, mas também para lembrar que a Terra é singular: o único lugar em que já existiu vida.
Mas a mesma espécie que colabora para expandir as fronteiras espaciais pode tornar o planeta inabitável para outros seres vivos. Nos últimos séculos, a perda de biodiversidade tem ocorrido em uma rapidez só comparável às grandes extinções do passado, o que leva cientistas a defenderem que os seres humanos estão causando uma sexta extinção em massa.
Estudos mostram que a quantidade de espécies que desapareceu nos últimos cem anos deveria ter levado ao menos 10 mil anos para sumir —ou seja, o ritmo de extinção atual é mil vezes mais rápido do que o esperado.
Os principais responsáveis por essa perda de biodiversidade são o crescimento populacional, o consumo exagerado e o uso de combustíveis fósseis, afirma um dos pesquisadores que levantou a hipótese da sexta extinção, o ecologista mexicano Gerardo Ceballos.
Também entram na conta da humanidade a caça e o tráfico de animais, além da destruição de habitats, que é gerada pelo desmatamento e outras mudanças no uso do solo.
A cicatriz deixada no planeta é tão profunda que há quem defenda que os humanos deram início a uma nova fase geológica, o Antropoceno —a "época do homem".
Existem discussões em torno deste tema e ainda não se sabe nem o que marcaria o começo desta fase, explica o jornalista de ciência da Folha Reinaldo José Lopes. Um possível marco é a década de 1950, quando começaram testes nucleares que deixaram uma assinatura radioativa no solo.
De acordo com a pesquisadora Aline Ghilardi, esses elementos radioativos podem ser o que, daqui a milhões de anos, os paleontólogos do futuro —talvez até alienígenas-- achariam ao investigar a nossa passagem pela Terra. A sexta extinção também poderia ser identificada na ausência de muitos fósseis que antes estiveram ali.
No episódio final da série em áudio, o Habitat fala das mudanças que os seres humanos estão provocando na Terra e de como elas podem colocar em risco a nossa própria espécie.
Pesquisa, roteiro e produçãoJéssica Maes e Natália Silva
Edição de textoMagê Flores e Maurício Meireles
Edição de somNatália Silva
MentoriaBia Guimarães
Edição de arteThea Severino e Kleber Bonjoan
Design e desenvolvimentoPilker, Thiago Almeida e Irapuan Campos
Coordernação de interativoRubens Fernando Alencar
Ilustrações e infografiaLuciano Veronezi
Versão impressaFernanda Giulietti e Maicon Silva
DivulgaçãoMateus Camillo e Rebeca Oliveira
ApoioInstituto Serrapilheira