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Mistério de presa imensa e fêmur de um metro fizeram cientista descobrir fenômeno do desaparecimento de espécies
São Paulo (SP)Em uma terça-feira chuvosa de junho, fomos até o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo atrás de um animal escondido em uma sala repleta de estantes. Na prateleira de uma delas, está um exemplar do Tapuiasaurus macedoi, um dinossauro brasileiro que viveu entre 115 e 100 milhões de anos atrás.
O tapuiassauro é parte do gênero dos titanossauros, que tinham cabeças pequenas sustentadas por pescoços muito longos. Isso fica claro nos ossos dele: enquanto o crânio é pouco maior do que duas mãos humanas, a vértebra mal cabe na estante. Ele tinha 13 metros de comprimento e cerca de quatro metros de altura.
O fóssil foi descoberto em Coração de Jesus, em Minas Gerais. Quem nos mostrou esse pedaço do passado foi a paleontóloga e repórter da Folha Ana Bottallo, nossa guia na visita.
O estudo de fósseis como esse foi o que permitiu a descoberta, séculos atrás, de pistas do passado do planeta —e que algumas criaturas tinham deixado de existir.
Em 1795, o naturalista Georges Cuvier, começou a analisar, no Museu de Paris, alguns ossos que tinham sido enviados dos Estados Unidos cerca de 50 anos antes: uma presa imensa, dentes molares com raízes do tamanho da mão de uma pessoa e um fêmur de mais de um metro de comprimento.
Havia algumas teorias sobre aqueles restos mortais. Alguns cientistas acreditavam que eles eram não de um, mas de três animais diferentes —um mamute, um elefante e um hipopótamo.
Cuvier apresentou a sua explicação para o mistério em uma conferência em 4 de abril de 1796. Ele percebeu que os fósseis não eram de nenhum animal conhecido naquele momento —e que na verdade eram de uma espécie perdida.
Com essa conferência, Cuvier mostrou que a extinção era um fato e puxou o fio de um novelo que a ciência tenta desenrolar até hoje.
Desde então, descobriu-se muito mais sobre o desaparecimento de espécies e o significado disso na história da vida na Terra. Hoje se sabe que não só espécies desaparecem, mas que houve momentos em que muitas sumiram de uma única vez —nas chamadas cinco grandes extinções em massa.
É a partir da observação desses eventos do passado que pesquisadores do presente alertam para a aceleração na perda de biodiversidade. Cientistas defendem que a humanidade está causando uma sexta extinção em massa.
No primeiro episódio do Habitat, Ana Bottallo e a paleontóloga Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, contam a história das extinções do passado, o que elas significaram para a evolução da vida e qual é a magnitude do que está acontecendo agora.
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Pesquisa, roteiro e produçãoJéssica Maes e Natália Silva
Edição de textoMagê Flores e Maurício Meireles
Edição de somNatália Silva
MentoriaBia Guimarães
Edição de arteThea Severino e Kleber Bonjoan
Design e desenvolvimentoPilker, Thiago Almeida e Irapuan Campos
Coordernação de interativoRubens Fernando Alencar
Ilustrações e infografiaLuciano Veronezi
Versão impressaFernanda Giulietti e Maicon Silva
DivulgaçãoMateus Camillo e Rebeca Oliveira
ApoioInstituto Serrapilheira